Levei um susto quando vi que falta apenas uma semana para o início da Copa do Mundo. Me parece que os brasileiros ainda não estão no “espírito" da competição. Nas edições anteriores, a esta altura, as ruas já estavam decoradas, todo mundo cantava as musiquinhas incentivando a Seleção Canarinho, as propagandas na tevê chegavam a emocionar a gente de tão lindas e patrióticas, os camelôs ganhavam um bom dinheiro vendendo camisetas do Brasil, bandeiras verde-amarelas e todo tipo de bugigangas para animar a torcida…
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Lembram das vuvuzelas? Desta vez não tenho observado essa euforia toda. Ou o futebol perdeu mesmo um pouco da graça aos olhos dos torcedores ou os brasileiros estão com tantos problemas _ visto a recente greve dos caminhoneiros e suas consequências _ que ainda não tivemos tempo de pensar e nos animarmos muito com a Copa da Rússia.
Nas escolas, a mesma coisa. A Copa do Mundo sempre motivou atividades diferentes na sala de aula, da educação infantil ao ensino médio. Parece que, nesta edição, a competição mundial não “esquentou”. Talvez uma das exceções, pelo menos em Florianópolis, seja a EBM Virgílio dos Reis Várzea, em Canasvieiras, que está aproveitando a Copa da Rússia para gerar conhecimentos, de uma forma muito interessante e divertida.
O projeto foi idealizado pela professora de educação física Renata Rossi. Os alunos do 5º ano, por exemplo, estão criando uma linha do tempo, trazendo a história de todas as copas e sua relação com a história mundial. Também farão uma viagem pelo Mapa Mundi, procurando o país que irá sediar a Copa, estádios e cidades que terão o evento, e os países participantes. A professora e a turma estão construindo uma bola de futebol de papel com pentágonos e hexágonos.
Já com os alunos do 6º ao 9º ano estão sendo realizados debates. Um dos temas é o consumismo relacionado à Copa do Mundo, respondendo questões como “é só o futebol que está em jogo?”. A quantidade de marcas de patrocínios estampadas nos estádios e nas roupas dos jogadores mostram que o futebol é um grande comércio, comenta Renata.
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Alimentação, preparação física, saúde mental e repouso dos jogadores são outros assuntos em pauta, assim como o comportamento de torcidas organizadas, racismo, preconceito, discriminação e o doping. Todos temas atuais e necessários. Projetos deste tipo incentivam os estudantes a gostar de estudar e de ir para a escola.