Fico feliz quando os eleitores se identificam com algum texto que eu escrevi e resolvem dar um depoimento também. Desta vez foi o leitor Carlos, de São José. Ele leu a coluna sobre a importância do pai participar ativamente da criação dos filhos, e contou a sua história. Estou publicando aqui porque acredito que ela deve ser compartilhada e, quem sabe, possa servir de inspiração para outros homens também.
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“Sou empresário e minha esposa empregada de empresa privada. Tenho mais facilidade de me ausentar da empresa. Desde quando minha esposa engravidou pensei: E agora como vai ser? Como ela vai reagir? Vou acompanhá-la 100%. Minha esposa tem síndrome do pânico, toma remédio controlado. Foram 10 visitas ao obstetra, cinco ultrassons e fui em todas as consultas e exames, e acompanhei as mudanças no corpo, no humor… Quando ela estava com cinco meses de gestação eu tive sintomas de depressão, e procurei um médico rápido para isso passar, pois acreditava que ela precisaria muito de mim, mesmo eu sendo um mero espectador da gestação.
Isadora nasceu forte, linda e com uma saúde impressionante. Foram 14 visitas ao pediatra. Fui a todas e eu sempre fui o mais curioso. Minha esposa ficava braba quando eu fazia "zilhões" de perguntas ao pediatra. Com 2 anos e meio desconfiamos de um suposto atraso de fala da nossa filha e começamos as investigações. Nesse momento minha esposa não podia se ausentar no serviço, pois seriam várias consultas e exames em diversos especialistas. Eu falei: Deixa comigo, confia em mim, vou fazer de tudo pela nossa filha. Foram diversos exames. Às vezes a sogra acompanhava, outras eu ia sozinho, e comecei a reparar que muitas mães faltam ao serviço ou perdem algo importante no dia por causa de seus filhos.
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Segui todos os passos, sempre anotando o que fazer, onde ir… E passava para ela todas as informações. Minha esposa se sentia culpada por não estar indo, e eu dizia: Você cuidou dela nove meses na barriga e quase dois anos fora dela. Agora é a minha vez, confia em mim". As coisas estavam indo bem até minha filha quebrar a perna em um acidente. Minha esposa não conseguiu ir ao hospital devido a uma forte crise de pânico. Eu tive que tomar as decisões sem ela por perto. Foram 60 dias de cama e sofrimento. Ela faltou um dia só ao serviço para arrumar as coisas. Em casa revesávamos eu, minha sogra e a cunhada. Foram cinco retornos ao hospital. Às vezes eu ia sozinho, outras a sogra acompanhava.
Mesmo com a menina engessada, levava ela aos médicos e exames para averiguar a questão da fala, mas nada anormal foi encontrado. E parece ser uma coisa boba: em diversas clínicas e hospitais reparei que o fraldário fica sempre na ala feminina. Mas tem muito homem participando também da "caminhada" junto com seu filho. Hoje, acompanho minha filha uma vez por semana ao fonoaudiólogo e parece que aquele momento é só nosso. Vamos juntos cantando e voltamos com ela no cavalinho. Sempre que dá tempo vamos ao parque, eu e ela. E é uma sensação única. Por fim, deixo uma frase que digo aos colegas: Não demore para ser pai, você não sabe o que está perdendo.