Quando me apresentaram as emoções clássicas — tristeza, raiva, amor, medo e alegria — facilmente me identifiquei com a raiva.

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Muito embora todas as emoções me causem encanto, a raiva sempre me serviu de base construtora. Sinto como se fosse um motor de foco e de força. 

Outro dia estávamos falando sobre “estourar”, perder a cabeça… e se já tínhamos passado por isso muitas vezes. Eu tive que pensar bastante e só lembrei de coisas que aconteceram no colégio e em eventos muito, mas muito pontuais. Perder-se é diferente de administrar o sentimento, e aceitar que tenho raiva me permitiu encontrar meios para direcioná-la.

Como sempre conheci parte da minha agressividade a admirei o traço de garra que vem com isso, direcionei especialmente para o esporte e em meu trabalho e; sempre muito fã de extravasamentos emocionais, em terapia aproveito para dar lugar à parte mais sombria desse sentimento.

Como sempre conheci parte da minha agressividade a admirei o traço de garra que vem com isso, direcionei especialmente para o esporte e em meu trabalho (…).

No colégio, quando entrava em campo para os interséries dos mais diversos esportes, era só alguém dizer que eu estava jogando mal, que eu virava o jogo. O possível fracasso ou até mesmo a falha da vida, sempre me trouxe o impulso da vontade de mudar para o próximo erro, sem perder a lição. Mas eu era um tipo mais estressada – quando eu jogava, sentia que era o momento mais importante da minha vida, e me entregava como se a próxima bola fosse o ponto decisivo. Eu era fominha, tinha disputas com os times, declaradamente – e nossa turma treinava muito, e até em educação física eu dava umas esbravejadas.

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Por essas e outras levei algumas broncas dos professores, até do meu time – e jogar contra nossa turma, certamente era uma preocupação para o adversário – entrávamos para vencer. E vencemos muitas vezes.

Nesta semana assistimos à série “Arremesso Final”, que fala da trajetória do Michael Jordan, com o Chicago Bulls e seu time. Como senti saudade da época em que treinar era meu espaço para extravasar – e lembrar da força impressionante que a gente tem quando procura o verdadeiro transcender em cada minuto. Talvez o esporte nos lembre do quanto a vida tem tempo determinado e que cada segundo, realmente conta. Fui muito repreendida por ser brava em campo – por requerer esforço – o que às vezes causava desconforto – e, só não me arrependo de ter acalmado parte do ímpeto porque não se pode voltar atrás. Se eu pudesse deixava o Jordan em mim procurar pelo salto em toda batalha. E foi sensacional ativar esse sentimento depois de assistir o documentário.

Eu nunca tinha visto o Michael Jordan falar – a não ser em propagandas – e fiquei surpresa por saber que ele era exigente. É como seu libertasse em mim, parte daquela raiva que eu tanto admiro, que nos colocará sempre vencedores, mesmo quando a gente perder.

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