Fui a poucos velórios na vida. Vou naqueles que sinto que estar lá será importante para o meu processo com quem partiu, não só com quem ficou aqui.
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Faz poucos dias estive em uma despedida, das mais nobres e íntegras – estava lá a mãe de uma queridíssima amiga de infância. Aquela amiga, seus pais, irmãos – a família sempre me influenciou positivamente e deixou marcas bem lindas no meu coração.
A delicadeza da Lelê certamente é fruto da elegância e leveza da mãe querida que estava ali. O casal – junt os há 61 anos – serviu de total inspiração para minha vida amorosa e familiar desde sempre, amigos e companheiros, sempre de mãos dadas, nitidamente recíprocos em carinho, e prioridade um do outro. Sempre foram como um lindo jardim florido e perfumado, passar por eles nos deixava o perfume de esperança.
Sei que é poético, mas sempre foi assim a minha visão sobre essa família tão especial, e eu precisava estar naquele dia, para ficar de mãos dadas com a Letícia, dar um beijo em seus irmãos, agradecer a Tia Sueli e levar ao Tio Newton o meu sentimento de carinho. É incrível o quanto a vida pode ser um piscar quando somos felizes, e estamos em nosso mais verdadeiro caminho. Já faz 30 anos que os vi andando de mãos dadas a primeira vez – e é fácil me transportar para essa e outras memórias. Suspeito que, se temos pressa, é porque estamos no caminho errado porque jamais, em nossa jornada de evolução e com harmonia, teríamos pressa. Felizes, nós debateríamos com a finitude que nos acorda, negociando qualquer minuto de extensão – o tempo passa, e cada segundo realmente conta diferente. Passe, tempo – devagar.
Naquele dia senti muita emoção – pensei nos aprendizados que tive, pensei em meus pais, no Ricardo e em meu filho e nos próximos que virão – e agradeci porque pude estar ali e, pude conhecer uma despedida de quem honrou a vida e os minutos que foram vividos, inspirou a muitos com sua delicadeza e fez sorrir aqueles que a conheceram. Eu não sei bem explicar mas meu coração foi tomado de paz – por ter sido testemunha de uma pessoa de tanta luz – que continua me emocionando, mesmo agora enquanto escrevo.
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Felizes, nós debateríamos com a finitude que nos acorda, negociando qualquer minuto de extensão – o tempo passa, e cada segundo realmente conta diferente. Passe, tempo – devagar.
Houve momentos na minha vida em que eu queria que o dia corresse logo, mas de uns tempos para cá – especialmente depois do falecimento do meu irmão e nascimento do meu filho mais lindo – que minha oração e gratidão diárias vem com um pedido ambicioso: Tempo, por favor e se puder, passe bem devagar e negocie comigo todo tipo de segundo: troco qualquer coisa pela oportunidade de, com os meus, morar mais tempo aqui. Obrigada, de coração Tia Sueli e família mais amada. Com amor, Vá.