Uma coisa que eu queria saber, enquanto vivia minha adolescência, era falar inglês. Minhas colegas de turma, quando tinha prova dessa matéria, passavam a semana tranquilas. Eu não.
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Entrava e saía ano, eu ainda não conseguia absorver o "verbo to be". Diante da simplicidade do conteúdo, como hoje eu vejo — até que é simples, o que eu sentia é que jamais eu conseguiria, literalmente, entender nada daquilo. Na sétima série nós podíamos escolher entre espanhol ou inglês. Imagina o que eu escolhi.
Eu sempre me pergunto sobre as coisas que nós não aprendemos. Não aprendemos por que não temos interesse? O método não se construiu de forma interessante para o nosso estilo? Temos mesmo dificuldade? — nessa opção não creio muito. É por que, para o nosso meio, determinado conteúdo não tem importância, nem gera afeto ou admiração? Minha conclusão é que se não estamos disponíveis para aprender, nem com vontade ilimitada do conhecimento, é porque precisamos rever a forma como "aprender" se construiu dentro de nós.
Eu já tinha saído do colégio, passando aos trancos e barrancos com nota 7,0 em inglês todos os anos até a formatura, quando a Vanessinha — melhor amiga de infância, com quem sempre dei muitas risadas e compartilhei a vida — me ligou dizendo que eu deveria conhecer o professor de inglês que ela tinha, dando a ideia de a gente fazer inglês junto. Se eu ia aprender inglês eu não tinha certeza, mas que seria divertido, no mínimo, seria! Topei e fomos para as aulas do Alfredo.
Conhecer o Alfredo e fazer inglês com a Vanessinha foram presentes. Havia o momento da metodologia clássica, mas o Alfredo deixava a gente escolher a música em inglês que gostaríamos de aprender — minha primeira escolha foi "Easy Love" da Lady; usava o seriado Friends — eu sonhava em ver essa série — legendado, para aquecer a aula. O ambiente era informal e, no final das contas, eu nem percebia o tempo passar; eu me divertia e sentia que saía da aula sabendo um pouco mais. Despretensiosamente, e finalmente, vi uma luz no fim do túnel do inglês da minha vida.
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Entender um pouco mais outro idioma, abriu portas sem as quais eu não teria conseguido avançar em minha profissão, nem ler textos que me ampliaram a visão, nem fazer cursos com mestres que, realmente, eu admiro. Pessoalmente, acredito que nascemos e viemos de uma natureza perfeita, infinitamente capaz. Depois de aprender sobre algo que eu considerava impossível, vi que é justamente no que consideramos inacessível que está a porta para o futuro mais desejado. Então, sempre que encontro uma dificuldade me pergunto: Quando isso surgiu em minha vida como um dilema ou um problema? E, faço o exercício de ver como a minha vida seria se eu fosse capaz de me tornar aquilo que eu sempre sonhei. Daí procuro redefinir a origem dos meus limites. A resposta sempre muda, quando a gente muda a pergunta e aceita que existe um "como fazer?" e é um primeiro passo para continuar aprendendo.