Uma das coisas pelas quais sou absolutamente fascinada, é pelo erro e pela frustração. É um contraponto ao desejo de equilíbrio e contentamento, mas já justifico.

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Agora mesmo estou sofrendo a perda de um arquivo que não salvei no meu computador. Eu já havia praticamente terminado o objetivo do documento – que era detalhar as 39 lições de um dos cursos que fazemos. Trinta e nove é bem bastante: Precisei de inspiração e uma dose de foco extra – que é algo que sempre me falta – e quando já estava eu cantando a alegria de ter, finalmente, “quase” terminado toda a explicação do curso, que o computador precisou ser reiniciado, e eu não havia salvo o trabalho. Se senti raiva ou encontrei culpados? Não mais. 

Ultimamente venho trabalhando em recursos online – e os softwares que uso, ou mesmo o drive, têm o processo de “salvar” automático. Faz tempo que a equipe insiste que eu utilize apenas o drive, mas o hábito do Word no desktop – que cai por terra e jaz bem enterrado em minha rotina a partir de agora – sempre esteve comigo, em uma parte que, pelo jeito, teimava em cair na obsolescência. Cá estamos, rejuvenescendo nisso também.

Como a gente vem conversando, o problema nunca será o arquivo perdido, mas a ausência da lição sobre a razão de se ter deixado perder algo importante. Tenho um mantra que diz “próximo erro, próximo erro”, porque remoer a perda já atrasa a execução de algo determinado a ser feito. Uma coisa que aprendi foi a procurar, em cada frustração, tirar dela a maior lição, cada aprendizado detalhado, e seguir para o que deve ser feito, sem me vitimizar ou utilizar ou transformar o “dano momentâneo” como e em dano permanente. Errei? Próximo erro, próximo erro.

Tenho um mantra que diz “próximo erro, próximo erro”, porque remoer a perda já atrasa a execução de algo determinado a ser feito. 

Me veio em mente se há maneira ainda melhor de escrever sobre o curso, se o fato de ter perdido o arquivo me convoca ao extrapolamento da forma como o curso funciona, se há algo que ainda preciso verificar antes de registrar o documento, e assim ainda estou, enquanto estamos conversando aqui, porque eu apenas acredito em perdas que promovem a expansão. Mesmo que, momentaneamente, “perder” alguma coisa promova a sensação de retração, é certo que – ao olhar para nossa história – mesmo as perdas que foram dolorosas, nos transformaram em versões mais maduras do que aquela que éramos. Nada que a nós não pertence ou que precisa de um olhar mais amoroso, estaciona em nossas rotinas, mas nos desafia para ver adiante a forma de preencher com “ar” mais bem pensado o vazio que passou a existir.

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