Presidente do Brasil por dois mandatos, cabo eleitoral de outras duas vitórias presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva está de volta ao jogo político em decisão liminar do ministro Edson Fachin, que anulou todas as condenações do petista no âmbito da Operação Lava-Jato. A dúvida que surge neste momento é o que Lula pode representar politicamente mais de 10 anos depois de deixar o Palácio do Planalto e após três anos de inelegibilidade.

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Fachin anula todas as condenações de Lula na Lava-Jato

O Brasil de 2021, um país comandado por Jair Bolsonaro (sem partido) – um presidente que chegou ao poder na esteira do antipetismo, uma espécie de anti-Lula -, não é mesmo que em 2002 decidiu dar uma chance ao ex-operário em sua quinta tentativa de chegar ao poder. A Lava-Jato não impactou apenas o petismo, com métodos discutíveis, mas imensa popularidade. A operação desfez todo o arcabouço político nacional em que se construíram não só as vitórias de Lula e Dilma Rousseff (PT), mas também as derrotas anteriores do PT para o PSDB de Fernando Henrique Cardoso. Da velha polarização política entre petistas e tucanos, sobraram os aproveitadores de suas sobras de poder – hoje chamamos isso de Centrão.

Charge do Zé Dassilva: descanse em paz, Lava-Jato

As pesquisas mais recentes indicam que Lula ainda retém parte da grande popularidade que construiu em seu auge político. Mostram, também, ampla rejeição. Alçado ao poder como anti-Lula, hoje Bolsonaro é mais do que isso. O presidente controla uma fatia importante do eleitorado com sua narrativa e mantém por perto aqueles que não querem o PT de volta. É muito viável eleitoralmente, apesar de também enfrentar alta rejeição.

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Nos últimos meses, com Lula fora do jogo, os principais movimentos no tabuleiro político eram na tentativa de construir uma alternativa a Bolsonaro e ao petismo, representado por Fernando Haddad – o segundo colocado nas eleições de 2018. Nomes como Ciro Gomes (PDT), João Dória (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Flávio Dino (PCdoB), Luciano Huck (sem partido) e o próprio ex-juiz Sérgio Moro – hoje chamuscado pela decisão que anula sua condenações – tentam se colocar no jogo como opções “nem-nem”, nem Bolsonaro e nem PT.

Esse discurso de apresentar ao Brasil um caminho intermediário entre os discursos que polarizam o jogo político, uma candidatura moderada, longe da extrema-direita, mas sem cacoetes de esquerda, não encaixou até agora. Ninguém conseguiu empolgar os brasileiros com esse tom, mesmo aqueles que buscam por essa solução. Com Lula de volta ao tabuleiro, a tendência é de que seja ainda mais difícil. Tudo leva a crer, neste momento, que o Brasil caminha para viver desde já o mais longo segundo turno de sua história e que ele será travado entre os dois homens que dividem o país.

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