O litígio entre o grupo que ainda comanda o PSB estadual e a cúpula nacional da sigla socialista agora é oficial e judicializado. Na manhã desta terça-feira (30), dirigentes e lideranças catarinenses foram surpreendidos com a notícia de que o partido havia ingressado com duas petições no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC) requisitando os mandatos dos deputados estaduais Bruno Souza e Nazareno Martins por desfiliação da legenda sem justa causa.
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O imbróglio tem origem no desconforto no grupo liderado pelo ex-deputado federal Paulo Bornhausen aqui no Estado com a volta do PSB às origens de esquerda – antes do movimento ao centro ensaiado por Eduardo Campos, morto em 2014, um ano depois de filiar os catarinenses. Em 11 de abril, Bornhausen anunciou a saída da sigla e uma espécie de acordo em que o PSB estadual teria o diretório dissolvido pelo presidente local Ronaldo Freire para que interventores nacionais pudessem assumir o partido – os mandatos seriam discutidos pontualmente.
O divórcio amigável ficou apenas nas intenções. Os donos de mandato mostraram receio de seguir Bornhausen, suplentes abriram o olho para a possibilidade de assumir vagas, ex-candidatos e lideranças periféricas viram a chance de tomar os rumos da sigla. Diante do impasse, a citada autodissolução não havia sido realizada até a noite desta terça-feira.
Nesse meio tempo, a direção nacional soube que Bruno Souza e Nazareno Martins estariam desfiliados no sistema da Justiça Eleitoral com data retroativa a fevereiro. Acertado com os suplentes Claiton Salvaro e Patrício Destro, ambos ex-deputados, foram ao TRE-SC pedir o mandato. Ainda na terça-feira, o PSB-SC correu para avisar que a desfiliação de Martins teria sido um erro burocrático e que não teria validade.
O caso de Bruno Souza é mais complexo. Defensor ardoroso das teses liberais, ele sempre enfrentou a contradição da filiação a um partido com a alcunha socialista. Ainda em fevereiro, menos de um mês de mandato na Alesc, pediu a Freire a desfiliação. Segundo o presidente estadual, o ato só teria sido oficializado após a juventude nacional do PSB ter pedido a expulsão do deputado após a brincadeira de primeiro de abril em que simulou apresentar projeto dando à data o título de “dia em que o socialismo deu certo”. O divórcio do PSB deve seguir no litigioso e com vários capítulos pela frente. O destino do mandato de Bruno será uma das principais tramas.
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