Poucas coisas já estão claras no governo de Carlos Moisés da Silva (PSL) que começa em cerca de cinco semanas, mas uma delas é que a forma de se comunicar será completamente diferente do que estamos acostumados. Na tarde de sexta, o governador eleito fez mais uma transmissão ao vivo no Facebook para falar da transição administrativa e anunciar o primeiro nome confirmado em sua equipe.
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Em cerca de 15 minutos, Moisés falou muito e pouco disse. A expectativa sobre a confirmação do primeiro secretário foi esvaziada pela indicação de um cargo de segundo escalão, o delegado-geral da Polícia Civil – que caberá ao delegado Paulo Koerich.
Não se trata de minimizar a corporação ou a importância do cargo, mas já está chegando a hora de um governo eleito quase no escuro começar a mostrar seu rosto nas principais funções. A Secretaria da Fazenda por exemplo, com o imenso desafio de manter os salários do funcionalismo em dia ano que vem, ou a pasta da Saúde e seu rombo financeiro, a Educação e seus enormes desafios, a própria Segurança Pública, e por aí vai.
Voltando à comunicação, tema desta coluna, Moisés indica que vai seguir os passos do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e apostar na relação direta com o eleitor. É a segunda transmissão ao vivo em duas semanas – a primeira teve cerca de cinco minutos.
Durante a fala, a audiência alcançou picos de cerca de 600 pessoas conectadas ao mesmo tempo. Uma hora e meia depois, o vídeo já tinha 325 compartilhamento e mais de 500 comentários – a maior parte elogiosos a Moisés ou cobrando atenção especial a determinadas áreas do governo.
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O governador eleito acerta ao apontar o uso intensivo das redes para se comunicar diretamente com a sociedade. O mundo atual cada vez carece menos de intermediários e isso foi claro na última campanha eleitoral. Falando direto ao eleitor em transmissões ao vivo cuidadosamente precárias e muitas mensagens em grupos de Whatsapp, Bolsonaro tornou-se presidente eleito e deu combustível a uma onda que resultou em mandatos a diversos nomes do PSL – Moisés entre eles.
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No entanto, o governador eleito deveria ter algum cuidado na hora de mimetizar Bolsonaro. Da mesma forma que o presidente, Moisés usou parte do vídeo para ressaltar que os anúncios oficiais serão feitos nas redes e desqualificar o trabalho da imprensa profissional na tentativa de descobrir nomes dos futuros secretários. Chegou a dizer que os canais oficiais são “as fontes verdadeiras de informação”.
Nesse ponto, Moisés derrapa. O jornalismo vive de antecipar os fatos e nem sempre vai informar o que o poder deseja. Moisés e Bolsonaro agora são poder. Se há em parte da imprensa nacional certa má-vontade com o presidente eleito, aqui no Estado não se verifica nada além de curiosidade em relação a um governo que foi legitimado por 71% dos votos válidos para fazer mudanças profundas na máquina pública e despartidarizar a gestão. E que, a pouquíssimo tempo de assumir, ainda não deu indicações mínimas de como fará isso.
Assista ao vídeo: