Às 10h22min de segunda-feira (28), o secretário Douglas Borba (PP), da Casa Civil, postou em seu Instagram uma foto em seu gabinete em companhia de deputados estaduais eleitos do PSL. A legenda dizia: “reunião com a bancada governista”.

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Os pesselistas são apenas seis dos 40 parlamentares que tomam posse na sexta-feira para a 19a legislatura. Aumentar a gama de apoios no legislativo é um dos grandes desafios do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) e o registro na rede social do secretário dá sua exata dimensão.

Moisés escuda-se, e já registrei aqui, nos 71% dos votos que recebeu no segundo turno das eleições para o governo como proteção às pressões que devem vir da Assembleia Legislativa. Em condições normais, poucos atreveriam-se a fazer oposição veemente a tamanha popularidade. Como nada é normal nas condições da política brasileira nos últimos anos, há parlamentares dispostos a testar quanto dos apoios que Moisés recebeu na urna são engajados.

Neste primeiro mês de gestão, o governador pesselista teve o respiro de uma Assembleia em recesso. Nomeou cargos, assinou decretos, sancionou e vetou projetos aprovados no ano passado, visitou Brasília. Aqueceu-se para um jogo que efetivamente começa na próxima terça-feira. O primeiro teste será justamente a análise dos vetos às propostas parlamentares.

Entre eles, um é emblemático: o projeto do deputado estadual Kennedy Nunes (PSD) que proíbe aos servidores aposentados ou da reserva acumularem os salários com os de cargos comissionados, quando nomeados. O pessedista alega isonomia, porque os servidores da ativa precisam escolher uma das remunerações quando indicados para cargos de confiança.

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A proposta foi apresentada após a vitória de Moisés e surgiu quando se previa um grande número de oficiais da Polícia Militar e dos Bombeiros, origem do governador, no secretariado. A tramitação foi relâmpago e o projeto foi aprovado no final do ano, apesar de o futuro líder do governo Onir Mocellin (PSL), também coronel da reserva dos Bombeiros, ter atuado na época contra sua aprovação.

Embora trate de um tema que merece atenção, a proposta está longe de uma questão central do Estado. Mesmo assim, deve servir como teste para definição do que será efetivamente a base governista de Moisés – aqueles parlamentares com quem ele pode realmente contar.

Um ensaio até mais revelador do que a própria aprovação da reforma administrativa. É difícil um parlamento negar ao governante a definição de sua estrutura de governo, ainda mais se vier com os cortes na máquina que a sociedade catarinense – mais até do que os 71% – tanto clama.