Quando ainda pleiteava um lugar no tabuleiro eleitoral de 2018, o prefeito joinvilense Udo Döhler (MDB) tinha uma frase pronta para os momentos em que queria demonstrar o desejo de ser candidato a governador sem caracterizar o desejo pessoal do projeto.

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— Joinville terá que ser ouvida na sucessão estadual — dizia o emedebista.

O prefeito está fora do jogo, mas a frase ainda vale pela força do colégio eleitoral da mais populosa cidade do Estado. As vitórias de Luiz Henrique da Silveira (PMDB) contra Esperidião Amin (PP) em 2002 e 2006 passaram por Joinville, especialmente a primeira – quando o peemedebista renunciou à prefeitura para surpreender na eleição estadual. Naquele segundo turno definido por 20,7 mil votos, LHS teve 126,7 mil votos a mais do que Amin em Joinville.

Claro que quando não haverá desta vez um candidato tão identificado com a cidade quando o ex-governador morto em 2015. Na última disputa, no entanto, Raimundo Colombo (PSD) teve na cidade do Norte um dos palcos mais complicados de sua batalha pela reeleição. Com apoio de LHS, mas sem joinvilenses na majoritária, o pessedista teve uma disputa voto a voto na cidade com o tucano Paulo Bauer: 42,1% a 41,3% para Colombo. Se ganhasse em Joinville, o tucano teria levado a eleição para um imprevisível segundo turno.

Este ano, Bauer está novamente no tabuleiro. Tem base eleitoral em Joinville, mas sua origem é Jaraguá do Sul. Não viveu a política local – apenas como apoiador de lideranças locais. Além dele, o pré-candidato Mauro Mariani (MDB) também vota em Joinville. Chegou a ser aposta de Luiz Henrique para renovar no partido na cidade, quando convenceu o deputado federal a trocar Rio Negrinho pela cidade do Norte e disputar a prefeitura em 2008. Ele ficou apenas em quarto lugar, mas passou a orbitar a política local e nela exercer influência. Disputa com Bauer essa condição de candidato “local, mas não tanto”.

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Nas outras chapas em articulação, há intenção de incluir um nome joinvilense na chapa – mas nada que arrebata corações. Gelson Merisio (PSD) tem em suas opções o vereador joinvilense e empresário Ninfo König (PSB) como vice. Mais por ser um empresário de sucesso do que pela condição local, já que se trata de um neófito na política.

Enquanto os joinvilenses parecem distraídos nesse jogo, quem se movimenta para exercer maior força política nas composições é Blumenau – terceiro maior colégio eleitoral. Os três ex-prefeitos recentes movimentam-se para disputarem a eleição majoritária. Décio Lima foi confirmado como nome do PT para o governo, enquanto João Paulo Kleinübing tenta viabilizar sua candidatura pelo DEM – com a opção de compor como vice ou senador em alguma coligação. Napoleão Bernardes (PSDB) renunciou em abril e é pré-candidato ao Senado – ou ao que lhe cair no colo.

O último político de Blumenau a eleger-se em majoritárias foi Vilson Kleinübing (PFL) – governador em 1990 e senador em 1994. A região reclama a tempos de perda de força política. Talvez este ano, nas urnas, o Vale seja mais ouvido do que o Norte.