Da Assembleia Legislativa, avisto o deputado federal Jorginho Mello (PR). Aceno, atravesso a rua e aproveito a entrevista inesperada – naquela tarde, quinta-feira passada, Raimundo Colombo (PSD) levara seu pedido de renúncia ao parlamento. Jorginho ia à pé para seu escritório político, a duas quadras dali.
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— Deputado, queria mesmo falar com o senhor sobre essas informações de que o senhor poderia ser o candidato a governador do Jair Bolsonaro (PR) aqui em Santa Catarina — pergunto, enquanto ligo o gravador no telefone celular.
— O PSL do Bolsonaro está fazendo uma composição com o PR, que deve ter o senador Magno Malta (PR-ES) de vice. Assim sendo, nós vamos fazer o palanque para ele aqui — responde o deputado catarinense.
— O senhor está mesmo disposto a concorrer a governador.
— Sim, sem dúvida. Eu já estava.
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De fato, Jorginho Mello anunciou sua pré-candidatura a governador ainda no final de 2016, quando PR anunciou que estava deixando a gestão de Colombo, com a saída de Filipe Mello do cargo de Secretário de Turismo, Cultura e Esporte. Na época, o deputado federal disse que a ideia era estar livre para construir uma aliança em torno de seu nome. Na bolsa de apostas dos bastidores, acreditava-se que almejava uma vaga de senador.
Desde então, o deputado do PR mantém sua posição de pré-candidato a governador. De porte médio, no Estado e no país, a legenda é cobiçada para coligações e as conversas estavam adiantadas com o PMDB, que chegou a sugerir vaga ao Senado. Aí entrou o fator nacional, a proximidade de Bolsonaro e Malta, etc.
As pesquisas internas realizadas pelos partidos em Santa Catarina mostram que Bolsonaro é uma daquelas ondas à espera de quem tenha coragem de surfá-la. Os poucos movimentos – erráticos, diga-se de passagem – que o presidenciável do PSL tomou em Santa Catarina não tiveram efeito. Sondou o jornalista Luiz Carlos Prates, conversou com os deputados federais peemedebistas Rogério Peninha Mendonça e Valdir Colatto — a quem chegou a oferecer o comando do PSL local. Fechou com o vereador Lucas Esmeraldino, de Tubarão, pré-candidato ao Senado. A coligação com o PR encorpa uma candidatura que hoje vive apenas de um mais do que bem-sucedido aproveitamento das redes sociais e do sentimento de rejeição aos políticos estabelecidos. Jorginho também acredita nesse cenário.
— Ele é candidato do PSL. Não tem absolutamente nada de televisão. O PR, além do Magno, dá tempo de televisão. Ele já disse para nossa bancada que quer o Magno. O Magno está segurando um pouco porque ele quer costurar a sucessão dele no Espírito Santo, mas logo vai fechar.
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— Obrigado pela conversa, deputado. Até a próxima.
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