Um acontecimento recente ajuda a ilustrar o estilo de Carlos Moisés da Silva e a marca que pretende imprimir à gestão que completa 100 dias nesta quarta-feira. Semana passada, ele fez sua primeira viagem oficial a Lages. Na cidade serrana, um candidato a deputado federal que concorreu pelo PSL em outubro, bem votado, dizia-se representante regional do governo. Questionado sobre isso, o governador foi direto.

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– Ele é um colega nosso de partido, mas não está no governo. A gente separa o que é governo e partido – disse Moisés, descredenciando o embaixador autonomeado.

Despolitizar e, principalmente, despartidarizar a gestão talvez seja a maior promessa da campanha que fez Moisés vencer de forma acachapante a política tradicional em outubro do ano passado. Nestes primeiros 100 dias, um marco simbólico, é possível dizer que o governador está empenhado nesta tarefa, como mostra o exemplo de Lages.

Na entrevista coletiva que realizou esta terça-feira, Moisés enfatizou em diversos momentos o caráter técnico das ações e decisões de governo nestes primeiros dias. Ficou claro que o pesselista já se sente à vontade no cargo. Ele sempre teve facilidade para falar longamente em termos genéricos, hábito provavelmente herdado do período em que lecionou, ontem mostrou domínio de diversos assuntos complexos da máquina do governo. Tinha ao seu redor todo o primeiro escalão do governo, mas pouco pediu apoio aos escudeiros.

Defendeu pontos polêmicos da reforma administrativo, como a delegação para que defina por decreto posterior as atribuições de diretorias e gerências – hoje estão todas definidas na lei, com a reforma teriam apenas a quantidade pré-definida. Também exaltou o secretário Paulo Eli, da Fazenda, em sua cruzada pela revisão da política de incentivos fiscais – garante que o trabalho de Eli nesse sentido ano passado, ainda na gestão Eduardo Pinho Moreira (MDB), já tem efeitos sobre o caixa. Um desses efeito seria a garantia da manutenção dos salários em dia – tema de declarações polêmicas no primeiro mês de mandato.

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O ex-governador Vilson Kleinübing, morto em 1998, dizia que o primeiro compromisso do gestor era sempre governar o governo. Moisés sinaliza conforto com a tarefa, o que é um bom começo. Em determinado momento, o pesselista deixou-se tomar por um otimismo que é do tamanho do desafio que se propôs – e pelo qual será cobrado – especialmente agora que a marca dos 100 dias foi rompida e terminou a lua de mel da vitória eleitoral.

– O que está acontecendo em Santa Catarina será exemplo para o Brasil. Vamos fazer história.

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