Gelson Merisio (PSD) e Mauro Mariani (MDB) tiraram o dia para gravar programas eleitorais e atos de campanha em Joinville. Essas foram as agendas que fizeram do pessedista e do emedebista as eloquentes ausências do debate realizado pela CBN/Diário na manhã desta segunda-feira. Sem eles, o palco ficou livre e aberto para o petista Décio Lima e para os candidatos a surpresa Comandante Moisés (PSL) e Leonel Camasão (PSOL).
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VÍDEO: Upiara Boschi analisa debate da CBN Diário
A ausência de dois dos três postulantes de maior densidade política e mudou o ritmo que se esperaria do debate, com Mariani e Merisio com alvos prioritários dos adversários. É natural, já que ambos representam não só o grupo que político que venceu diretamente as últimas três eleições, mas também trazem em suas coligações todos os partidos que governaram o Estado desde a redemocratização em 1982.
Franco atiradores, Décio, Moisés e Camasão mais convergiram do que divergiram. O principal alvo foi a pesada e pouco eficiente estrutura do governo – especialmente as antigas secretarias regionais, hoje agências. Todos concordaram com a extinção das 35 estruturas – 21 delas ativas e 14 desativadas, mas não eliminadas formalmente da máquina. Aliás, as regionais são a Geni da eleição deste ano.
O candidato do PSOL foi mais incisivo sobre questões como redução dos repasses obrigatórios aos poderes e órgãos com orçamento vinculado à arrecadação – hoje 21,8% do que entra no caixa vai direto para Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Ministério Público e Udesc. Camasão prometeu reduzir pela metade o orçamento do parlamento, rever subsídios a empresas, não pagar aposentadoria aos ex-governadores, etc.
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Moisés apresentou-se ao eleitor como candidato do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), mas também soube de diferenciar. Aproveitou o tempo para mostrar-se mais moderado que o líder nacional do partido, destacar sua experiência e o conhecimento do Estado que obteve atuando no Corpo de Bombeiros Militar, onde é coronel da reserva.
Único protagonista presente, Décio mais uma vez apostou em apresentar-se com um gestor experiente e moderado. É o figurino que tem vestido durante a campanha e é como espera reverter os resultados que isolaram o PT catarinense nas últimas eleições. Nessa lógica, repetida no debate, as falas mais contundentes e partidárias têm ficado com os demais candidatos petistas.
Em uma campanha de baixa visibilidade como a deste ano, ofuscada pela insana corrida presidencial e com candidatos que nunca disputaram a majoritária ainda tentando ser conhecidos pelo eleitor, chama atenção a ausência de dois protagonistas em um debate com o alcance do realizado nesta segunda-feira. É mera questão de agenda, alegam Mariani e Merisio. Difícil de acreditar e de entender.