Quis o destino e o calendário que a quinta-feira, dia 5, parecesse um desses finais de temporada de seriado, com diversas tramas chegando aos ápices – ao mesmo tempo em restam pontos não resolvidos para garantir a espera do público fiel pela próxima sequência de episódios.
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Em Florianópolis, Raimundo Colombo (PSD) assinou o ato de renúncia ao cargo de governador exatos sete anos, três meses e quatro dias depois da primeira posse, em 2011. Um evento discreto e rápido, seguido por uma conversa com jornalistas antes de colocar o pé na estrada em direção a Blumenau. Lá, era o prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) que praticava o gesto de renunciar para tentar ser a novidade do cenário pré-eleitoral catarinense. No fim da tarde, em Curitiba, o juiz Sérgio Moro decretava a prisão do ex-presidente Lula (PT) – acabando com o suspense sobre quanto demoraria o ato depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) negar-lhe habeas corpus após 11 horas de um julgamento que começou na quarta-feira e avançou a madrugada de quinta-feira – uma interminável quinta-feira.
Os três atos não têm relação direta entre si, mas afetam o cenário da disputa eleitoral em diferentes níveis. A renúncia de Colombo era um ato aguardado desde que ele se reelegeu, em 2014. O Senado é sempre o destino óbvio de um governador reeleito e a garantia de pouco menos de um ano de mandato ao vice é o tipo de acordo que não precisa nem ser dito. Nesta sexta-feira, Eduardo Pinho Moreira (PMDB) foi oficializado como governador sem asterisco. Na prática, governa desde fevereiro.
A saída de Napoleão também tem origem em sua reeleição, em 2016. Aos 35 anos, é pré-candidato ao Senado, mas pode ocupar outras posições majoritárias. Em entrevista no programa Cabeça de Político, que conduzo no site NSC Total, o ex-deputado estadual Júlio Garcia (PSD) cita o jovem blumenauense como um nome dos nomes que teriam mais viabilidade eleitoral do que o pré-candidato pessedista Gelson Merisio.
A prisão de Lula é um tema que paira na política brasileira desde a polêmica e barulhenta condução coercitiva determinada por Moro em março de 2016. A partir daí veio o depoimento em Curitiba, a condenação pelo juiz paranaense a nove anos e meio de prisão, o recurso do petista ao Tribunal Regional Federal da 4ª região, a confirmação da condenação pelos desembargadores federais com ampliação da pena para 12 anos e um mês, o espetáculo hermético das 11 horas de julgamento do STF esta semana. Durante todo esse tempo, “Lula preso amanhã” virou um bordão. O amanhã chegou. Aguardamos todos pela próxima temporada deste imprevisível, mas nem tanto, seriado.
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