No silêncio dos gabinetes de prefeito de Joinville e de ministro da Fazenda, Udo Döhler (PMDB) e Henrique Meirelles (PSD) têm bastante coisa em comum. Ambos deixaram de lado carreiras bem sucedidas na iniciativa privada – um empresário, outro banqueiro – para mergulhar no mundo da política. O joinvilense através das eleições, o goiano por cargos na área econômica do governo federal nos governos Lula e Michel Temer.

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Os dois também estão dispostos a encarar as eleições deste ano e enfrentam obstáculos semelhantes. Precisam deixar seus postos até abril e não encontram garantias em seus partidos de que terão as legendas para concorrer. Meirelles quer ser presidente, Udo quer ser governador – não escondem isso de ninguém. Hoje, estão fora do jogo.

O joinvilense anuncia esta semana a decisão de renunciar ou não à prefeitura para tentar ser o candidato do PMDB ao governo. A tendência é de que continue prefeito. Nas últimas semanas, Udo se movimentou pelo Estado, conversou com caciques e índios peemedebistas, trocou figurinhas com tucanos e pessedistas, apresentou-se como candidato da aliança. Os resultados ficaram abaixo do esperado. As cúpulas partidárias têm outros projetos – e são protagonistas desses projetos.

Meirelles vive contagem regressiva semelhante. Assumiu a Fazenda com a posse de Temer e fez dela um bunker quase imune aos movimentos erráticos e denúncias que caracterizam o governo do chefe. Contava com a retomada do crescimento para viabilizar-se presidenciável – um Fernando Henrique sem Real, digamos assim. A tímida recuperação econômica sob a batuta do ministro não foi suficiente para parir um candidato. Mesmo assim, ele continua tentando convencer Temer e a cúpula do PMDB de que pode ser o nome para defender o legado da atual gestão, algo que ninguém parece disposto a fazer. Foi nesse tom que Meirelles nos concedeu entrevista na CBN/Diário semanas atrás.

Filiado ao PSD, o ministro já sabe que as portas do partido de Gilberto Kassab estão fechadas para sua pretensão. Kassab estará com Geraldo Alckmin (PSDB), levando junto o PSD. Meirelles quer o PMDB, mas – assim como Udo – descobriu que o partido não tem condições de lhe garantir nada previamente. É de sua natureza.

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Nos próximos dias, o prefeito e o ministro decidem seus destinos – e se saltam no escuro para tentar concorrer em outubro. A impressão que fica, por enquanto, é de que a política, aos poucos, está fechando a porta para eles.

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