O prefeito joinvilense Udo Döhler (PMDB) é pré-candidato a governador do Estado. Ele só não decidiu ainda se aceita o desafio do deputado federal Mauro Mariani, até agora único postulante oficial do PMDB, e adere à prévia marcada para 17 de março — cujas inscrições se encerram na sexta-feira. Talvez nem precise.

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— Se não tiver inscrições para a prévia, ela não acontece. Logo, ela é fake (falsa) — diz o próprio prefeito, usando a palavra da moda.

Presidente estadual do partido, Mariani impôs a prévia à cúpula peemedebista como forma de enquadrar Döhler. Em novembro, o parlamentar já havia dado um recado velado ao possível adversário como alguém “que é canela de vidro, que não entra em campo para disputar a bola”. Com a prévia, Mariani desenhou um cenário em que ou Döhler disputaria a vaga entre os delegados do partido ou deixava o caminho livre.

A resposta do prefeito é entrar em campo, mas em suas próprias condições. Döhler, o empresário que abraçou a política e se elegeu prefeito de Joinville duas vezes, agora fala como pré-candidato. Aponta, por exemplo, a delicada situação financeira do Estado e cita exemplos da gestão em Joinville para melhorar o quadro.

— A gestão como um todo pode passar por uma revisão. Nós fizemos isso em Joinville. Eliminamos as secretarias regionais, que viraram subprefeituras, reduzimos secretarias, acabamos com toda a administração indireta. Não existem mais fundações, tínhamos uma porção delas aqui. Isso permitiu que nossa situação ficasse mais confortável — diz Döhler.

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Ele é veemente na crítica às prévias, alegando que elas dificultam a construção de uma aliança e a unidade do partido. Acredita que os meses de fevereiro e março deveriam ser utilizados para ampliar o leque partidário, não para disputa interna. Critica a falta de discussão de uma proposta para o Estado.

— Não faz nenhum sentido dizer “eu quero ser candidato a governador”. O que faz sentido é examinar a proposta que leva alguém a querer assumir o governo. Até agora, por falta de diálogo, nós não ouvimos ninguém falar nada a respeito.

O diálogo a que Döhler se refere é a reconstrução da aliança com PSD e PSDB. O prefeito é apontado nos bastidores como o único poderia aglutinar os partidos, mas estava ficando para trás por não se posicionar como pré-candidato. Nesse vácuo, o nome do vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) voltou à tona e os aliancistas do PSD passaram a olhar com mais carinho para o senador Paulo Bauer (PSDB). Agora, Döhler faz sua maior jogada pré-eleitoral. Resta saber se esse gesto é se inscrever na prévia ou enterrá-la.

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