No cenário pré-eleitoral ainda aberto de Joinville há apenas uma certeza: o deputado estadual Fernando Krelling (MDB) será o candidato do prefeito Udo Döhler (MDB), que entra em seu último ano de mandato. Na terça-feira, o prefeito joinvilense esteve na Assembleia Legislativa para conversar com o aliado e com o líder da bancada emedebista Luiz Fernando Vampiro.
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Foi no gabinete de Krelling que conversei com Döhler. Na entrevista, o prefeito disse que o MDB de Joinville está pacificado e que as saídas de nomes como o vereador Rodrigo Fachini não são perdas. Garante que Krelling, se eleito, fará um governo que não será mera continuidade de sua administração, mas exalta o momento vivido pela gestão. Udo se mostra esperançoso com o momento do MDB estadual e apoia a relação com o governador Carlos Moisés (PSL), a quem elogia.
Leia a íntegra da conversa:
Prefeito, estamos aqui no gabinete do deputado Fernando Krelling (MDB). Ele é seu candidato a sucessão em Joinville, isso é definitivo?
O MDB em Joinville está pacificado, unido. Fernando Krelling é o presidente do partido. Foi uma chapa única com o dobro do comparecimento que acontecia em convenções anteriores. O partido já fez sua escolha e acho que foi feliz. O Fernando já deu uma boa contribuição ao município. Foi nosso secretário de Esportes, onde deixou uma marca forte. Ele se elegeu vereador com uma votação que surpreendeu, mais de 10 mil votos. Da mesma forma, foi à Assembleia com uma votação que também surpreendeu.
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A urna escolheu Krelling pré-candidato do MDB?
O partido está tomando a decisão correta, é um bom candidato. A alternância no poder é essencial. Sou contra a reeleição, acho que o mandato de quatro anos é insuficiente. Deveria ser um mandato de cinco anos sem reeleição. Quando o prefeito busca a reeleição, o risco do clientelismo político cresce. A alternância no poder é essencial. Ao mesmo tempo, o que se deve prevenir é a continuidade. Penso que demos uma contribuição importante ao município, mas o Fernando está construindo uma proposta de governo. Ele tem condições de fazer. Vai ser um novo governo.
O senhor falou em pacificação do MDB em Joinville, mas esse processo também levou a saída de nomes como o vereador Rodrigo Fachini, Cleonir Branco, entre outros. Como vê essas saídas?
Foram poucas pessoas que deixaram o partido e que nunca estiveram fortemente identificadas com a raiz do partido. O núcleo continua lá, intacto. Tivemos adesões importantes nos últimos meses. O partido não perdeu nada, ao contrário. Ele ficou mais denso.
O prefeito Udo Döhler e a gestão Udo Döhler serão bons cabos eleitorais para Fernando Krelling?
Se o Fernando Krelling entender que nossa participação nas eleições possa ajudar, estaremos à disposição. Mas ele tem voo próprio, ele não depende de apoios maiores. A população já tem essa percepção, pude acompanhar isso nas andanças pelos bairros dos municípios. Ele está iniciando bem essa pré-campanha com voo próprio.
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Como avalia este momento da gestão, quase entrando no último ano do segundo mandato?
Esse é um momento de ouro para nós. No primeiro mandato saneamos as finanças do município. Tínhamos um passivo que nos incomodava, o município ficou insolvente em 2013. Hoje nossos compromissos são saldados em um prazo inferior a 60 dias. Aumentamos nossa capacidade de pagamento, temos crédito. Saímos da avaliação C no mercado para triplo A. Buscamos recursos importantes. Ainda naquele primeiro mandato fizemos uma escolha de investir fortemente na educação e depois na saúde. Isso nos permitiu construir o melhor Ideb do Sul do país. Na saúde, aconteceu o mesmo. Os postos de saúde estão equipados, o Hospital São José é referência, investimos 39% na saúde. Com toda segurança, Joinville distribui a melhor saúde pública do país. Estas questões estão resolvidas. Agora, neste ano e meio priorizamos infraestrutura. Estamos investindo R$ 200 milhões. A isso se soma a construção de uma ponte de R$ 160 milhões (ligando o Centro ao bairro Ademar Garcia, reivindicação história da cidade). Essa não será concluída no próximo ano, mas iniciaremos a obra e os recursos estão assegurados.
Figuras de peso de seu partido saíram de cena após a última eleição, como o ex-deputado federal Mauro Mariani, o ex-governador Eduardo Pinho Moreira. Como o senhor vê o MDB estadual neste momento?
Acho que esse é um momento bom do MDB. Nós cometemos equívocos no MDB. A alternância não aconteceu como desejada e isso nos custou um preço nas eleições de 2018. Hoje o partido volta a se unir. A nossa bancada na Assembleia nunca esteve tão unida e tão coesa. O nosso líder Luiz Fernando Vampiro tem desenvolvido um trabalho excepcional, o MDB tem ajudado o governo do Estado independente de compromisso político-partidário. É um novo governo que está aí e conseguiu equacionar situações que nos incomodavam, como a da saúde, com um passivo de cerca de R$ 600 milhões que foi reduzido para cerca de R$ 100 milhões.
O senhor então é favorável a esse apoio que a bancada dá ao governo Carlos Moisés (PSL)?
Esse apoio é importante porque ajuda o Estado de Santa Catarina. O que se ouvia antes das eleições era que o Estado estava quebrado. Isso desapareceu um pouco da mídia, hoje não se fala.
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Na sua avaliação, o Estado estava quebrado?
O Estado passava por dificuldades. Se nós mantivéssemos aquele modelo, seguramente caminharíamos para uma, força de expressão, recuperação judicial.
O senhor acha que o governo Moisés pode ser um parceiro eleitoral, olhando tanto para a eleição municipal do ano que vem quanto para 2022?
Eu acho que o governador Moisés iniciou bem. O nosso receio de que ele não resistisse às pressões políticas e clientelistas não aconteceu. O que se ouvia era que ele não tinha experiência e que perderia o apoio da Assembleia. O que aconteceu foi exatamente o inverso, ele resistiu. Convive razoavelmente bem com a Assembleia, conseguiu resolver algumas equações financeiras complexas.
O senhor almejou disputar o governo do Estado em 2018, acabou não conseguindo essa posição dentro do MDB, com a posição firme do ex-deputado Mauro Mariani pela candidatura. O senhor mantém o sonho de governar Santa Catarina?
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2022 é um cenário que está muito distante. O que nos preocupa agora? É cuidar bem das eleições do ano próximo. O MDB deve aumentar o número de prefeitos do Estado, são 101 hoje. A expectativa é eleger de 110 a 115.
Sem o apoio do governo do Estado?
Sem o governo do Estado. Com o governo do Estado, esse número pode até ampliar. Essa é a leitura do nosso presidente Celso Maldaner (deputado federal). O importante é que a gente não perca essa oportunidade, porque o MDB deu contribuições importantes para o Estado de Santa Catarina e está nesse momento bom. Estamos mergulhados na eleição de 2020. Tudo que estiver a nosso alcance, vamos fazer. Em Joinville e fora da cidade também.