Na tentativa de voltar para a primeira fila dos pré-candidatos a governador, o prefeito joinvilense Udo Döhler (PMDB) cogita lançar mão de um dos mais bruscos gestos políticos à sua disposição. O peemedebista admite renunciar ao cargo em abril, limite legal para poder disputar a eleição, mesmo sem ter a garantia de que será o candidato do PMDB à sucessão de Raimundo Colombo (PSD).
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A revelação foi feita na gravação do programa de entrevistas Cabeça de Político, que apresento às quintas-feiras no site NSC Total. A íntegra da conversa com o peemedebista será apresentada semana que vem, mas adianto a decisão. Udo diz que não renunciará em nome de uma aventura, para um salto no escuro, mas garante que se houver sinais de que seu nome pode liderar uma ampla composição política, está disposto a arriscar.
A renúncia seria um segundo gesto de impacto de Udo em nome da candidatura. O primeiro foi rejeitar a inscrição na prévia oferecida pelo também pré-candidato Mauro Mariani (PMDB), presidente estadual da sigla. A votação interna levaria o prefeito para um terreno inóspito da disputa por delegados partidários. O projeto de Udo é suprapartidário, é reconstruir os laços da aliança com PSD e PSDB. É o único pré-candidato a defender publicamente a composição.
Nesta quarta-feira, por coincidência, o prefeito recebe em Joinville o governador em exercício Eduardo Pinho Moreira (PMDB) para uma série de eventos públicos. Ao receber a caneta de Colombo, o interino ganhou força nos bastidores para encabeçar o projeto do partido. Udo tem conversado com ele – há afinidade maior entre ambos do que com Mariani.
Na sexta-feira, posse de Pinho Moreira, o prefeito almoçou com Colombo, que já foi entusiasta de sua candidatura. Tentou convencer o pessedista de que ainda está no jogo. O tema da renúncia certamente estava no cardápio. Em 2006, Colombo era prefeito de Lages e também precisou tomar a decisão sobre dar um salto no escuro. Em abril daquele ano, renunciou sem saber se conseguiria ser candidato a governador – negociava apoio do PSDB de Leonel Pavan e do PP de Esperidião Amin. Acabou senador na chapa de Luiz Henrique da Silveira (PMDB), mas encaminhou de vez o projeto que o levaria à Casa d”Agronômica.
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Quatro anos antes, Luiz Henrique renunciava a prefeitura de Joinville acreditando que poderia ser candidato a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB). Não emplacou a vaga nacional e, sem mandato e nada a perder, abraçou a candidatura ao governo contra o favorito Amin. Ganhou a eleição e marcou época na política do Estado. Como se vê, tem exemplos para inspirar a decisão.