O PSDB catarinense fez um gesto claro para deixar de ser a incógnita da eleição estadual. Reuniu a maior parte de suas principais lideranças em Florianópolis e formalizou a pré-candidatura do senador Paulo Bauer a governador. Assim, busca espantar os rumores – e as impressões – de que o partido acabaria encorpando outra chapa nas eleições de outubro.

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A construção desse gesto foi possível graças a uma uniformização do discurso tucano. Bauer sempre foi apontado como o possível aglutinador de uma ampla aliança – possivelmente trazendo o PSD e PP – e dava sinais de que não se sentiria confortável em concorrer sem essa condição. De outro lado, o presidente estadual do partido, Marcos Vieira, advogava a candidatura própria em qualquer condição, mesmo que fosse chapa pura. Nesse meio tempo, a figura do agora ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes surgia forte, ora como vice em uma composição, ora como renovação para liderar o projeto tucano. Ontem, os tucanos acertaram os ponteiros para garantir que estarão unidos.

Bauer assumiu o discurso da candidatura em qualquer hipótese. Marcos Vieira deu o respaldo partidário. Napoleão colocou-se como postulante à majoritária, aguardando seu lugar na fila como pré-candidato ao Senado. De São Paulo, o presidenciável Geraldo Alckmin enviou mensagem em vídeo celebrando a pré-candidatura do senador tucano – uma forma de refutar as versões de que poderia forçar uma aliança que robustecesse seu palanque catarinense.

Na conversa com os jornalistas após o evento, Bauer respondeu sobre a investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal sobre supostos R$ 11,5 milhões em caixa 2 da empresa Hypermarcas na campanha de 2014. Disse que seria a última vez que responderia sobre o assunto – a partir de agora, apenas os advogados – e que não tem medo de ser investigado. A delação do ex-executivo Nélson José de Mello tem potencial para ser o calcanhar de Aquiles do tucano, mas ele demonstra estar disposto a enfrentar a questão.

Na quarta-feira, o governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) voltou a dizer que a aliança com o PSDB seria o desejo maior dos peemedebistas, mas deu sinais de que não está confiante na costura. Os partidos não abrem mão da cabeça-de-chapa – e esse discurso deve durar até as últimas semanas de julho, pelo menos. Moreira confidenciou um encontro recente com Alckmin em que tratou do assunto e que parece não ter sido muito encorajador. Sem a aliança com os tucanos, ganha fôlego a pré-candidatura de Mauro Mariani pelo lado do PMDB.

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Se todos mantiverem suas posições, a eleição catarinense se encaminha para fragmentação do atual campo governista. Não se preocupe, (e)leitor. Eles se reagrupam em janeiro de 2019.