Durante quase toda sua história, o PSDB catarinense poderia ser definido como um partido de políticos freelancer. Nascido à esquerda, refez-se durante os mandatos presidenciais de Fernando Henrique Cardoso como um abrigo confortável para lideranças conservadoras que eventualmente entravam em choque com Esperidião Amin no PP ou Jorge Bornhausen no PFL. Consolidou essa posição nos governos de Luiz Henrique da Silveira (PMDB), mantendo a característica de arquipélago de políticos sem projetos unificadores.
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Hoje, é inegável que os tucanos catarinenses vivem um momento diferente. Por coincidência, no momento em que o PSDB nacional tem sua posição mais fragilizada – a queda de Aécio Neves na armadilha dos Batista, as frequentes citações de lideranças na Lava-Jato ou escândalos paulistas, a dificuldade de Geraldo Alckmin em crescer nas pesquisas presidenciais, etc. No Estado, no entanto, os tucanos ainda comemoram o crescimento nas eleições municipais e enxergam a grande chance de chegar ao poder pela primeira vez como protagonista em 2018.
Candidato a governador em 2014, o senador Paulo Bauer é o nome natural para a nova disputa, condição que faz dele até uma opção para aglutinação de uma ampla aliança com PSD e PP ou PMDB. Reeleito em Blumenau, o prefeito Napoleão Bernardes ainda não confirmou a renúncia para concorrer a senador – mas só falta a confirmação. Presidente do partido, o deputado estadual Marcos Vieira insinua-se para o Senado também. Alckmin é o nome para presidência.
A consistência do projeto dos tucanos catarinenses é visível, mas também levará à necessidade de fazer escolhas. Hoje, o partido exige pelo menos duas vagas majoritárias na composição de alianças: Bauer ao governo, Napoleão ao Senado. Essa posição é entrave aos planos dos aliancistas que querem ver o senador liderando uma nova tríplice alianças com pessedistas e pepistas – as demais vagas caberiam aos dois partidos. Um acordo com o PMDB seria mais fácil, com as legendas dividindo as vagas. Mas não há sinais no horizonte de que os peemedebistas possam abrir mão de concorrer ao governo pela terceira eleição seguida – ainda mais com quatro postulantes mais ou menos apresentados.
Para decolar, a candidatura presidencial de Alckmin vai exigir o atrelamento de outras siglas em nível nacional e de palanques locais sólidos. Em algum momento, sacrifícios serão exigidos nos Estados. Será nesse momento que tucanos catarinenses vão mostrar se viraram mesmo protagonistas ou mantêm a posição de linha auxiliar de luxo.
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