Temperatura da campanha em Florianópolis deve subir após Gean ter direito de resposta negado

Uma decisão do juiz eleitoral Luiz Henrique Bonatelli deve ser a senha para que os adversários do prefeito Gean Loureiro (DEM) aumentem o tom das críticas na última semana de campanha antes do primeiro turno das eleições 2020 em Florianópolis. O magistrado negou o pedido de direito de resposta apresentado pelo demista contra Pedrão (PL) por causa de uma propaganda que cita as operações Mecanismo Verde, da Polícia Civil, e Chabu, da Polícia Federal, e investigação sobre ato sexual na Secretaria Municipal de Turismo.

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Ao negar a retirada do ar da peça publicitária e o pedido de direito de resposta, Bonatelli afirmou que “a propaganda veiculada, ainda que algo agressiva, não parece transbordar os limites da crítica ao gestor público ou da liberdade de manifestação do pensamento”. Os temas já haviam sido citados de forma mais discreta por Elson Pereira (PSOL) e Angela Amin (PP), mas não com a ênfase dada por Pedrão nas peças que foram utilizadas na televisão desde a noite de sexta-feira.

Os temas incômodos para Gean Loureiro devem ganhar destaque na última semana antes da votação por conta da vantagem apresentada pelo demista na última pesquisa Ibope que indicava chance de reeleição ainda em primeiro turno. A reação do demista à propaganda de Pedrão foi quase imediata. A ação movida pelo foi apresentada no meio da tarde deste sábado, às 15h35. A decisão do juiz eleitoral Luiz Henrique Bonatelli rejeitando o pedido veio menos de duas horas depois.

Na ação, o advogado do prefeito afirmou que a peça publicitária de Pedrão foi além “de uma mera crítica política” e que imputou a Gean “fatos gravíssimos, flagrantemente caluniosos”. Em relação à Operação Mecanismo Verde, deflagrada durante a semana para apurar irregularidades nas secretarias de Fazenda e Desenvolvimento Urbano e na Floram, a defesa questionou a relação entre a expressão “usar a prefeitura como balcão de negócios” e “a prova está aí”, em referência a operação. Seria, segundo a defesa, uma acusação de crime de corrupção imputada ao prefeito. O magistrado rejeitou os argumentos, alegando que ao falar da Mecanismo Verde a propaganda de Pedrão cita os órgãos investigados, não o prefeito, e que “a expressão ‘usar a prefeitura como balcão de negócios’ é justamente o que está sendo apurado”.

A defesa também questionou a citação à Operação Chabu, deflagrada em junho de 2019 e que chegou a levar Gean Loureiro preso preventivamente – ele foi solto no mesmo dia após depoimento. O advogado do prefeito ressaltou que a denúncia foi rejeitada pelo Tribunal Regional Federal da 4a Região em junho deste ano. No entanto, Bonatelli entendeu que Gean pode usar “seu próprio espaço na propaganda eleitoral para esclarecer sua absolvição”.

Também foi questionada pelo advogado do prefeito a fala de Pedrão sobre “o fatídico episódio de sexo dentro da prefeitura”. É uma referência a acusação movida contra o prefeito de suposto estupro em um gabinete da Secretaria Municipal de Turismo em 2019, gravado na época pela acusadora. A Polícia Civil investiga o caso, mas imagens do ato sexual circularam nas redes sociais, o que fez Gean vir a público afirmar que teve um caso extraconjugal, mas que o ato foi consensual.

A defesa de Gean, no pedido de direito de resposta, diz que a acusação de que ele praticou sexo dentro da prefeitura “ não passa de uma ilação não comprovada, lançada criminosamente pelo submundo das redes sociais. Mais uma vez, a argumentação não foi acolhida por Bonatelli. O magistrado afirma que “foi noticiado pelos meios de comunicação tradicionais que o Ministério Público estaria investigando o primeiro representante por possível improbidade justamente pela suposta prática do ato sexual dentro de instalações da prefeitura, local afirmado pela parceira naquele ato sexual, não sendo este juízo competente para apreciar a questão da localidade daquela ação porque não considerada sabidamente inverídica”.

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