Faz 24 anos que o maior partido do Brasil, o PMDB, não lança candidato a presidente da República. Como em um jogo combinado, o presidente Michel Temer e o ministro Henrique Meirelles estão se colocando no jogo para ocupar esse espaço e, principalmente, fazer a defesa do atual governo no campanha eleitoral. Mesmo que as pesquisas indiquem mínimas chances de sucesso da dupla, esse movimento terá impacto nas eleições estaduais.

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A jogada pareceu ensaiada. Em entrevista à revista Istoé, divulgada no final da semana passada, Temer afirmou ser covardia não enfrentar a eleição – lembre-se que desde que assumiu, o presidente dizia a falta de pretensões eleitorais era um ponto positivo de seu mandato-tampão, porque não precisaria ter medo de perder popularidade com as reformas. Agora, coloca-se no jogo para impedir que seu governo seja um saco de pancadas nos palanques dos demais presidenciáveis.

No domingo, Meirelles confirmou que pedirá demissão do Ministério da Fazenda para ficar apto a concorrer à presidência e que trocará o PSD – que deverá apoiar o tucano Geraldo Alckmin – pelo PMDB. Sabe que não terá a garantia de concorrer, mas ganha tempo. Faz, também, o jogo do governo ao não rejeitar a possibilidade de ser vice de Temer. Os dois movimentos praticamente selam a presença de um peemedebista na campanha presidencial.

O que isso garante? Pouco. Não é por desapego que o PMDB não lança candidato desde 1994. Faltas lideranças nacionais, sobram projetos estaduais independentes entre ti – até antagônicos. Maior nome da história do partido, Ulysses Guimarães não chegou aos 5% em 1989, mesmo patamar de Orestes Quércia em 1994.

Em Santa Catarina, a candidatura presidencial peemedebista deve ser inoportuna. Os dois pré-candidatos ao governo, Mauro Mariani e Eduardo Pinho Moreira, em diferentes momentos, tentaram se descolar do PMDB nacional. Mariani chegou a votar a favor do afastamento de Temer na Câmara dos Deputados, o que tem lhe custado dificuldades com o Planalto. Desde que assumiu o governo do Estado, em fevereiro, Pinho Moreira vem reconstruindo pontes com o presidente. No entanto, a candidatura própria do partido também dificulta o jogo das alianças – especialmente a ideia de trocar o apoio a Alckmin pela coligação com o PSDB catarinense.

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A chapa Temer/Meirelles seria uma pá de cal nas tentativas de unificar a centro-direita em uma candidatura presidencial única. Da mesma forma, aqui no Estado, reforça o cenário de múltiplas candidaturas ao governo.