Qual será o tamanho da base governista à disposição do governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL) no ano que vem? Eu sei que o leitor espera por respostas neste espaço, mas esse cálculo talvez não possa ser feito de forma automática. Eleições que dão início a novos ciclos mexem com toda a estrutura político-partidária e costumam gerar uma lenta recomposição.

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A rigor, Moisés saiu da urna com uma base de seis deputados estaduais, os eleitos pelo PSL, segunda maior bancada. A votação expressiva que teve no segundo turno e o sentimento antipolítica que potencializou essa marca ainda assustam partidos e eleitos, o que deve impedir uma oposição vigorosa e sistemática nos primeiros momentos. É dado como certo que os nove parlamentares do MDB se somam com essa tropa, talvez os três do PR – a conferir.

Certo é que desde 2002 que a futura base aliada não saía tão imprecisa da urna. Era, também, uma eleição de novo ciclo. Luiz Henrique da Silveira (PMDB) fora a surpresa da vez ao impedir a reeleição de Esperidião Amin (PPB), mas a novidade era o ingresso do PT no clube dos protagonistas com a eleição de nove deputados estaduais. Das urnas do primeiro turno, LHS contava apenas com os sete eleitos pelo PMDB e mais três do PSDB – 10 de 40. Sabia que teria oposição sistemática do PPB de Amin, maior bancada com 10 nomes. Vivíamos uma situação de indefinição semelhante à atual e que levou quase dois anos para ficar clara.

No primeiro momento, Luiz Henrique mirou o PT – catalisador da então onda de mudança que foi fundamental para sua virada sobre Amin. Convidou os petistas para o governo – não aceitaram – e usou toda a força de governador recém-eleito para garantir a vitória de Volnei Morastoni (PT) para a presidência da Alesc. Embriagados pelo poder federal e pela ideia de que a onda teria continuidade na eleição seguinte, o PT fez oposição a LHS.

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A saída do emedebista foi atrair parlamentares do PPB e do PFL, que tinha oito cadeiras, para partidos aliados – seis mudaram de partido numa época em que esse trânsito era livre. O final dessa reconfiguração se deu com a eleição de Júlio Garcia (PFL) para a presidência do parlamento estadual, que culminaria com a adesão pefelista ao projeto de LHS em 2006.

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Depois disso, nas três eleições seguintes, a base governista saiu desenhada da urna. Na reeleição de Luiz Henrique, 27 eleitos era dos partidos da aliança. Em 2010, Raimundo Colombo (DEM) venceu junto com 25 parlamentares aliados – e logo somou seis do PP ao condomínio. Após a reeleição, em 2014, chegou a contar de cara com 35 votos governistas ou semi-governistas. Época em que ficou claro que uma base desse tamanho pode ser tão prejudicial à governabilidade quanto a falta de suporte mínimo.

O tamanho e a confiabilidade dessa nova base governista que será montada a partir da agora fazem parte do desafio de Moisés – um dos tantos. Se cumprir a promessa de campanha, não terá cargos para oferecer em troca de adesão. A resposta da pergunta do primeiro parágrafo começará a ser dada em fevereiro, mas é possível que seja recorrente ao longo do mandato.

 

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