Antes que os partidos políticos coloquem oficialmente o bloco na rua, outra eleição está na agenda catarinense este ano. No dia 28 de março, ainda se recuperando da Operação Ouvidos Moucos e do suicídio do reitor Luiz Carlos Cancellier, a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vai às urnas eleger um sucessor.
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Uma eleição normal já chamaria atenção por envolver um eleitorado apto de cerca de 40 mil pessoas – professores, servidores e estudantes – e um orçamento superior a R$ 1 bilhão anuais. No contexto de uma tragédia e de uma operação policial que ainda deixa dúvidas sobre procedimentos e o alcance das supostas irregularidades, a disputa torna-se extremamente complexa.
As candidaturas para o cargo de reitor – a vaga da vice Alacoque Erdmann não entra na disputa – serão feitas entre 19 e 22 de fevereiro, mas os nomes devem se consolidar antes. Pelo que os grupos da política interna da UFSC começam a expor, existem duas formas de ver a eleição.
O grupo ligado a Cancellier continua no comando da UFSC, aglutinado em torno do reitor pro tempore Ubaldo Balthazar. Aprovado pelo Conselho Universitário para uma espécie de mandato tampão, ele passou a ser o nome natural como candidato da continuidade. No discurso do grupo, a defesa de que a gestão de Cancellier conseguiu conciliar o clima de guerra política no campus e que as irregularidades em apuração pela Polícia Federal aconteceram em gestões passadas. A linha será a defesa de que a gestão não seja interrompida pela metade.
No outro lado, os adversários tentarão voltar a 2015, ano da eleição de Cancellier. Aquela disputa foi marcada por extremo equilíbrio e imprevisibilidade. No primeiro turno houve um quase empate entre Edson de Pieri, do CTC, e Irineu de Souza, do CSE e ligado à esquerda do campus. Por vantagem mínima, de Pieri foi para o segundo contra o ex-aliado Cancellier. A segunda votação também rachou a UFSC: 47,42% contra 46,06% para Cancellier, eleito mesmo com desvantagem entre professores e estudantes.
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De olho no capital político de 2015, de Pieri e Irineu já lançaram suas pré-candidaturas à reitoria – nas redes sociais e em eventos públicos. Eram nomes naturais para a sucessão de Cancellier, mas vão enfrentar um cenário profundamente alterado. Confirmadas as três candidaturas, a UFSC terá mais uma eleição imprevisível.