Os emedebistas não conseguiam esconder o entusiasmo quando conseguiram fechar no último dia do prazo das convenções o apoio do PSDB à candidatura de Mauro Mariani (MDB) ao governo. Os tucanos não apenas encorpavam o projeto como colocavam um nome promissor como o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes (PSDB) como candidato a vice. Não foram poucos os que falaram em vencer as eleições no primeiro turno.
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Em menos de três semanas de campanha, o clima não é o mesmo. A propaganda de Mariani ainda não engajou ou sensibilizou o eleitor. A aliança com os tucanos ainda não mostrou resultados – para ambos os lados. Não há admissão pública maior de que a campanha estava equivocada do que as mudanças no comando dela anunciadas ontem. O jornalista Marco Aurélio Braga deixou a Secretaria de Comunicação do prefeito joinvilense Udo Döhler (MDB) para coordenar os trabalhos de rádio, televisão, redes sociais e jornalismo.
As mudanças já estão no ar. Na televisão, Mariani surge mais assertivo, faz propostas mais diretas. Até então, o emedebista apresentava-se como homem de família, empresário, emedebista ligado ao ex-governador Luiz Henrique da Silveira, mas pouco se comprometia. O tom genérico já ficou de lado esta semana. O tom usado agora se assemelha ao do adversário Gelson Merisio (PSD), que tem aproveitado o horário eleitoral para apresentar diversas propostas. É visível a diferença no ânimo nas campanhas emedebista e pessedista, diferente da largada.
As mudanças na comunicação vinham sendo exigidas há algumas semanas. O governador Eduardo Pinho Moreira (MDB) queixava-se nos bastidores de que faltava engajar a militância e que o tom dos programas era equivocado. O senador Dário Berger (MDB), por sua vez, admitia que os números das pesquisas internas não cresciam como esperavam os emedebistas. Mariani cedeu e agora a coligação vive a expectativa de que as correções apresentem resultado.
Mas nem tudo é comunicação – há questões políticas também. Alguns tucanos já começam a avaliar que o apoio ao MDB ofuscou o PSDB e trouxe poucos ganhos concretos. Napoleão ficou em segundo plano, Bauer tem uma difícil eleição ao Senado em que o colega de chapa Jorginho Mello (PR) faz de tudo para desgrudar do time. Começa a circular no partido a ideia de que foi um erro apoiar o MDB, que a candidatura própria – de Bauer ou Napoleão – daria mais evidência ao partido e tinha chances de competir. O arranjo feito, aparentemente, favoreceu apenas os deputados estaduais tucanos candidatos à reeleição – incluídos na subchapa do MDB.
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Sem candidatura própria, o PSDB também perdeu uma chance de promover o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), que patina com menos de 10% nas pesquisas em um Estado que já lhe deu ampla maioria eleitoral. Alckmin não foi abraçado pelo MDB catarinense, como foi prometido em agosto. A visita do tucano ao Estado mostrou esse engajamento tímido. Reservadamente, um tucano plumado admite: “nós matamos o Alckmin com essa aliança”.