Há sete meses, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) esteve em Criciúma, no Sul do Estado, no auge do racha do partido em que o presidente Jair Bolsonaro, seu pai, se elegeu carregando toda uma tropa de eleitos com ele, incluindo o governador catarinense Carlos Moisés (PSL). Em meio à pandemia do coronavírus e em um cenário menos belicoso, o parlamentar volta a Criciúma nesta segunda-feira.

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Mais uma vez, Eduardo Bolsonaro chega a Santa Catarina a convite da pré-candidata a prefeita de Criciúma, Júlia Zanatta (PL) – aproveitando passagem do filho do presidente pelo Rio Grande do Sul no final de semana. Com os eventos restritos, Júlia Zanatta pretende realizar um encontro do deputado federal com os pré-candidatos a vereador do partido e o senador Jorginho Mello (PL), que cedeu o PL aos bolsonaristas na cidade.

Muita coisa mudou nestes sete meses. Em Brasília, o PSL tenta baixar as armas. O grupo ligado ao presidente nacional da legenda, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), conversa com os dissidentes em busca de uma convivência mais pacífica e da possibilidade de composições. O PSL quer, no mínimo, continuar como integrante da base oficial de apoio ao governo, enquantos os bolsonaristas buscam ocupar espaços dos quais foram alijados após o racha, como as comissões mais importantes. Nesse contexto, o presidente Bolsonaro e Bivar chegaram a conversar recentemente.

Com as dificuldades de criação do Aliança pelo Brasil, o partido anunciado por Bolsonaro quando deixou o PSL e que até agora conseguiu homologar apenas 15 mil das cerca de 430 mil assinaturas necessárias para oficializar o novo partido. Os pesselistas mais otimistas chegam a acreditar numa nova filiação do presidente ao partido, o que é improvável. Na fila ainda estão o PTB, o Republicanos e o Patriota, embora o mais provável seja que Bolsonaro aguarde mais tempo pela efetivação de Aliança – como novo partido ou pela fusão de outros após as eleições.

Em Santa Catarina, o PSL continua dividido entre os governistas e os dissidentes, que fazem ostensiva oposição ao governo Carlos Moisés. Em novembro de 2019, na visita anterior de Eduardo Bolsonaro, essa linha foi traçada, com o deputado federal recebendo para um café os deputados federais e estaduais do PSL alinhado ao projeto do Aliança, enquanto Moisés e os alinhados a ele eram vaiados no auditório lotado em que o parlamentar fez sua palestra sobre a história do Brasil por um viés conservador.

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Na época, Moisés fazia questão de se distanciar publicamente de Bolsonaro, dizendo que permaneceria no PSL mesmo que o presidente deixasse a sigla. Eduardo, por sua vez, respondeu que ele estava “picado pela mosca roxa” Hoje, o governador tenta se reaproximar do presidente – disse isso textualmente em entrevista aos veículos da NSC Comunicação em junho. Contaminado pelo coronavírus, não conseguiu encontrar pessoalmente Bolsonaro em Florianópolis no início do mês, mas conversaram amenamente.

Não há nenhum sinal de que o esfriamento dos ânimos em Brasília tenha efeitos sobre o divórcio entre Moisés e os bolsonaristas de Santa Catarina. A visita de Eduardo Bolsonaro a Criciúma mantém a lógica do distanciamento local, especialmente pela visita a uma pré-candidata do PL e na presença de Jorginho Mello. O efeito local é claro: dificilmente o pré-candidato do PSL, Alisson Pires, vai conseguir disputar a raia bolsonarista com o filho do presidente ao lado de Júlia Zanatta.

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