O partido agora se chama Progressistas, mas nenhuma mudança de nome fez com que a legenda deixasse de ser uma das mais tradicionais de Santa Catarina – Arena, PDS, PPR, PPB ou PP, o 11 tem lugar cativo no eleitorado mais conservador do Estado. Mesmo assim, à exceção do clã Amin, o partido saiu menor das urnas este ano justamente quando o conservadorismo foi requisitado e vitorioso.
Continua depois da publicidade
O PP (a sigla se manteve com a mudança de nome) falhou em outro requisito do eleitor em 2018: renovação. Em maio, entrevistei no Cabeça de Político o deputado estadual Silvio Dreveck – presidente da Assembleia Legislativa e do PP estadual. Perguntei se havia no partido a sensação de maior dificuldade de renovação que em outras siglas tradicionais e como remediar isso. Dreveck concordou e apontou nomes de renovação que o PP preparava: o ex-deputado federal Hugo Biehl, o prefeito tubaronense Joares Ponticelli e o ex-prefeito itajaiense Jandir Bellini, um trio de sucessivos mandatos no Estado.
Mais Médicos: edital vai chamar 258 profissionais para SC
As urnas foram cruéis. Dreveck foi o primeiro presidente da Alesc a não se reeleger, Biehl não conseguiu voltar à Câmara dos Deputados, Bellini era suplente na chapa de Raimundo Colombo (PSD) ao Senado e Ponticelli não conseguiu emplacar o aliado Pepê Collaço no parlamento estadual. O partido hoje está concentrado no senador eleito Esperidião, na deputada federal eleita Angela e no deputado estadual reeleito João – os Amin. O partido perdeu duas vagas na Alesc e uma na Câmara, de seis para quatro e de duas para uma.
O mais curioso nessa derrota partidária é ver o sucesso dos jovens pepistas que buscaram abrigo no PSL. No Cabeça de Político que será publicado na tarde desta terça no NSC Total, entrevisto o deputado federal eleito Daniel Freitas (PSL). Em abril, ele deixou o PP, partido em que conquistou dois mandatos de vereador em Criciúma.
Continua depois da publicidade
Bolsonaro discute privatizar parte da Petrobras
Antes, tentara ser candidato a deputado estadual, mas o partido resistiu em nome da reeleição de Valmir Comin – outro derrotado nas urnas em outubro. Freitas foi o segundo federal mais votado do Estado, com 142 mil votos. Também do PSL, Carolina de Toni foi a quarta mais votada (109,3 mil). Ela também era pepista, disputou em 2016 uma vaga na Câmara de Vereadores de Chapecó e ficou com a primeira suplência – faltaram 104 votos.
Na Alesc, o fenômeno se repetiu. Ricardo Alba (PSL), deputado estadual mais votado com 62,7 mil votos, era do PP. Em 2016 foi eleito vereador em Blumenau pelo partido. Ana Caroline Campagnolo (PSL), também deputada estadual eleita, não chegou a disputar eleições antes, mas esteve filiada ao partido entre 2015 e abril deste ano. Nos bastidores, o vereador Douglas Borba (PP), de Biguaçu, assessorou o governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL), enquanto Laércio Menegaz Júnior (ex-chefe de gabinete de Ponticelli e do deputado federal pepista Jorge Boeira) estava com Lucas Esmeraldino (PSL).
Esse foi mais um caso em que a urna deu o recado que a classe política não conseguiu ouvir em outras sinalizações. Era hora do novo, era hora de oferecer o novo. Agora, o momento é de assimilar a lição para 2020.
Leia também:
Reforma administrativa do Estado deve ficar pronta até fim deste mês