O ex-presidente Lula monopolizou a semana que tradicionalmente tem seus holofotes dirigidos às renúncias de governadores e prefeitos e demissões de ministros e secretários que desejam disputar as eleições. Desde o início da tarde de quarta-feira, com o julgamento do habeas corpus no Supremo Tribunal Federal, até a noite de sexta-feira, com o longo suspense sobre se o petista se entregaria à Polícia Federal para começar a cumprir sua pena, o Brasil quase não deu atenção a outro assunto que não fosse o futuro de Lula.

Continua depois da publicidade

A prisão do ex-presidente em Curitiba dá fim aos planos do PT de lançá-lo candidato mesmo tendo a consciência de que a condenação em segunda instância faria seu registro ser negado pela Justiça Eleitoral – pela regra da Lei Ficha Limpa. Com a campanha na rua e liderando as pesquisas, Lula fortaleceria seu substituto, provavelmente o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad.

Sem Lula no cenário e nos comícios, o PT precisará trabalhar desde já o substituto enquanto a militância lambe as feridas. A construção de uma aliança fica mais difícil, por mais que se multipliquem as falas sobre unidade de esquerda. A tendência é Ciro Gomes (PDT), Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL) disputarem o espólio lulista com o nome ungido pelo PT.

Nos Estados, o PT também se fragiliza para as composições. Embora haja manifestações a favor do ex-presidente, não se viu até agora nada do que prometiam os stédiles em comícios inflamados. Em Santa Catarina, o cenário altera-se muito pouco. Desde o isolamento em 2014, quando Claudio Vignatti (PT) perdeu até comunistas e pedetistas para a aliança de Raimundo Colombo (PSD), o partido se apequena. Em 2016, foi quase varrido. A maior cidade que governa é Imbituba. A câmara de Joinville não tem um petista sequer, Florianópolis e Blumenau têm um. As tentativas do deputado estadual e presidente do PT-SC, Décio Lima, de tirar o partido do isolamento devem esbarrar na radicalização do discurso que acompanha a prisão do maior líder do partido.

Correção: Originalmente o texto informava que na Câmara de Blumenau não tinha nenhum representante do PT. Tem um, Adriano Pereira.

Continua depois da publicidade