“Fatos retirados da ordem em que aconteceram e de contexto para sustentar uma narrativa que estava pronta desde o início da CPI dos Respiradores”. É dessa forma que o secretário Jorge Tasca, da Administração, define a “cronologia da mentira” criada pelo relator da investigação, deputado estadual Ivan Naatz (PL), a partir das respostas encaminhadas pelo governador Carlos Moisés (PSL) à CPI na última sexta-feira.

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Na construção feita pelo relator e divulgada em suas redes sociais no último final de semana, falas nas lives realizadas em março e abril e documentos assinados por ele encaminhados à Assembleia Legislativa e ao Tribunal de Contas do Estado indicariam que tinha ciência do pagamento antecipado de R$ 33 milhões à Veigamed na compra dos 200 respiradores fantasmas. Tasca, que protagonizou um bate-boca com Naatz quando prestou depoimento à CPI, voltou a criticar o relator.

Cada vez mais aquela frase que eu disse na CPI faz sentido. Tudo que o Ivan Naatz fala tem que ser checado, porque é impressionante como o homem dissemina fake news.

Tasca reafirma a versão de que o governador só soube do pagamento antecipado à Veigamed no dia 22 de abril, quando for informado pelo então secretário de Saúde, Hélton Zeferino, em uma reunião para tratar do tema – seis dias antes da reportagem do site The Intercept que denunciou as falhas no processo de compra as visíveis inconsistências na importadora contratada pelo governo estadual para trazer da China os respiradores. O secretário faz questão de ressaltar a diferença entre o que foi informado a Moisés por Zeferino e o que veio à tona com a reportagem.

Só no dia 28 de abril o governador consegue identificar que há uma possibilidade de envolvimento de uma organização criminosa. Lá que fala em respirador fantasma, empresa fantasma. Até o dia 22 de abril a gente estava tratando de um problema administrativo, de um equipamento que não foi entregue e foi pago. Quando vem o Intercept dia 28, fica muito evidente a possibilidade de que uma organização criminosa tivesse atuado, inclusive com a participação de agentes públicos.

Tasca também refuta a vinculação com o projeto de lei enviado à Assembleia Legislativa (dia 31 de março) para autorizar compras com pagamento antecipado referentes ao coronavírus e a consulta encaminhada ao TCE questionando sobre essa possibilidade (dia 2 de abril), ambos assinados pelo governador Moisés. Entre um e outro, no dia 1o de abril, a Secretaria de Saúde fez o pagamento antecipado de R$ 33 milhões à Veigamed. Segundo o secretário, o governador assinou o projeto (retirado no mesmo dia pela Casa Civil) a seu pedido e a consulta por solicitação de Zeferino. 

Segundo ele, estava em discussão no governo como proceder caso fosse necessário fazer pagamentos antecipados, mas que desde 20 de março a Secretaria de Saúde, através da ex-superintendente de gestão administrativa Márcia Pauli já vinha fazendo pagamentos antecipados em compras referentes à pandemia sem a ciência dos secretários. Pauli, na CPI, afirmou que Hélton Zeferino tinha conhecimento. Tasca diz não saber porque a Saúde fazia pagamentos antecipados enquanto o tema ainda estava em discussão no governo.

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Não faço ideia. Quando a gente começa a discutir isso, ela já havia feito pagamento antecipado. No dia 20 de março já tem pagamento antecipado sendo feito. Para nós, era um instrumento que estávamos construindo, mas que não estava sendo utilizado. Eu na Administração justifico e embaso o projeto de lei, monto o processo administrativo que vai para a Casa Civil, o governador é consultado e atende a uma recomendação da área técnica, uma recomendação minha. Ele assina o projeto de lei e a partir daí o procedimento é da Casa Civil.

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