Mais de 10 mil pessoas, uma centena de prefeitos, lideranças de uma dúzia de partidos. O deputado estadual Gelson Merisio está armando um palco em Chapecó neste sábado para convencer Santa Catarina não só de que será o candidato a governador pelo PSD como de que vem forte para a disputa. Curiosamente, tanto o evento partidário do final de semana quanto o projeto do pessedista dependem de haja combustível para seu sucesso.

Continua depois da publicidade

Considerando que a greve dos caminhoneiros arrefeça e não atrapalhe o lançamento da pré-candidatura, o evento em Chapecó será daqueles em que é importante observar as presenças e, especialmente, as ausências. Com o apoio prévio entre PSD e PP, as duas principais expressões eleitorais das siglas confirmaram que estarão lá – ex-governador Raimundo Colombo (PSD), postulante ao Senado, e o deputado federal Esperidião Amin, pré-candidato do PP ao governo.

O pessedista tem organizado um roteiro próprio desde que deixou o governo nas mãos do MDB de Eduardo Pinho Moreira e evita comentários públicos sobre o projeto de Merisio. Amin garante que não atrapalhará o enlace das siglas e que até junho sairá a definição de quem será o candidato – ele ou Merisio -, mas tem sido estimulado a liderar a tropa. Adversário declarado do projeto, o ex-deputado estadual Júlio Garcia (PSD) foi convidado, mas não vai e realiza na mesma data um ato com mil novas filiações pessedistas em Criciúma.

Os convites de Merisio chegaram aos 120 prefeitos eleitos por PSD, PP, PSB e PDT em Santa Catarina – as quatro principais siglas de seu bloco. Também estarão as lideranças universais do PRB, alvarodiistas do Podemos, sindicalistas do Solidariedade, trabalhadores rurais do PHS, quadrangulares do PSC, além de PROS e PRB. Ainda não oficializado no time, o PCdoB também foi chamado. Com chances remotas de compor, receberam convites o deputado federal João Paulo Kleinübing (DEM) e o vereador tubaronense Lucas Esmeraldino, presidente estadual do PSL, o partido do presidenciável Jair Bolsonaro.

Quem não recebeu convites foi o PSDB. Embora venha sendo pressionado a chamar o senador Paulo Bauer e os tucanos para o palanque, Merisio argumenta que não pode chamar para o lançamento de sua pré-candidatura um partido que diz não abrir mão da cabeça-de-chapa. Amin, que defende a inclusão dos tucanos e de Bauer como opção para a cabeça-de-chapa, discorda.

Continua depois da publicidade

— Como somos sócios, posso dizer o que penso. Na minha avaliação, é um erro — diz Amin.

Com o gesto, Merisio deixa claro que não quer abrir margem para o debate de um chapão liderado pelo senador tucano, que teria o pessedista de vice, Colombo e Amin ao Senado. Na Praia Brava, essa é considerada uma chapa imbatível. Em outros campos, avalia-se como risco juntar tantas figurinhas carimbadas em tempos de rejeição à classe política.

Leia outros textos de Upiara Boschi

Cabeça de Político: entrevista Gelson Merisio (PSD)