Juro que não pretendo fazer deste espaço o folhetim sobre o fim do relacionamento entre o PSB de Santa Catarina e a cúpula nacional do partido. A história vai longe e neste momento os detalhes da disputa judicial começam a mais confundir do que explicar, mas dois movimentos importantes aconteceram ontem.

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Pela tarde, o PSB nacional teve negado pela juíza Gabriela Guimarães de Faria o pedido de reconsideração da decisão tomada semana passada que desfez a intervenção sumária promovida pelo presidente Carlos Siqueira – quando foram destituídos todos os dirigentes estaduais do PSB e formada um executiva provisória liderada por indicados de Brasília. Basicamente, a magistrada voltou a dizer que não foram cumpridos os requisitos para a intervenção.

No final da tarde, o diretório joinvilense do PSB, presidido pelo deputado federal Rodrigo Coelho, lançou uma dura nota em que critica a decisão nacional de intervenção “totalmente arbitrária com a notória ausência de diálogo”. O mais importante na nota de Coelho, único representante do PSB-SC na Câmara dos Deputados, é o alinhamento com a cúpula estadual da sigla – aquela destituída por Siqueira e reempossada pela juíza brasiliense.

No texto, Coelho ressalta que o trabalho dos dirigentes locais deu ao PSB uma dimensão que ele nunca teve em Santa Catarina e que “não se curvarão aos desmandos e não coadunarão com os caprichos de um presidente ou projeto alheios ao interesse da sociedade catarinense”.

A intervenção do PSB nacional, com o ex-vereador florianopolitano Adir Gentil como presidente interino sob as instruções de Carlos Amashta – ex-prefeito de Palmas (TO), mas com passagem marcante por Florianópolis nos anos 2000 – talvez tenha servido para reagrupar o grupo comandado pelo ex-deputado Paulo Bornhausen e presidido por Ronaldo Freire. Talvez não para segui-los em nova sigla partidária, mas pelo menos nessa luta comum contra a tese nacional de que os catarinenses fraudaram as desfiliações dos deputados estaduais Bruno Souza e Nazareno Martins para que eles saíssem sem perder os mandatos.

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Todos os passos, inclusive a autorização para a desfiliação de Souza, teriam sido comunicados a Amastha. Há uma avaliação de que o PSB nacional quer usar o grupo liberal catarinense como símbolo do expurgo de quem não estiver alinhado ideologicamente à sigla. É para garantir os mandatos, mas também para preservar o escalpo, que o PSB-SC mantém a briga judicial com a cúpula nacional.