Não sobraram muitas rivalidades pessoais na política catarinense, mas uma delas não só está viva como ganha um palco nobre a partir de fevereiro. O Senado que abriga Dário Berger (MDB) há quatro anos receberá o eleito Esperidião Amin (PP). A interação de ambos será algo a ser observado e certamente terá consequências na política local.

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O pepista volta ao Senado exatos 20 anos depois de encerrar seu primeiro mandato como senador. Em 1999, vivia o auge do poder político, eleito governador do Estado em primeiro turno. Nessas duas décadas, foi do auge ao ostracismo e conseguiu recuperar seu espaço – primeiro como deputado federal campeão de votos, agora com a volta ao posto de senador.

Como se o tempo não tivesse passado, logo colocou-se como candidato à presidência do Senado, disposto a enfrentar esse favoritismo maroto de Renan Calheiros (MDB-AL) – maroto porque só só existe na escuridão do voto secreto.

Há uma tropa de anti-Renans, que inclui nomes de tradição no Senado como Álvaro Dias (Podemos-PR) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) e novatos como Major Olímpio (PSL-SP).

Amin é um deles, misturando experiência e novidade, além da boa relação pessoal que tem com o presidente Jair Bolsonaro (PSL). As chances do catarinense não pequenas, mas existem.

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Dário Berger, por sua vez, também busca ascensão. Na semana que passou, fez uma forte movimento para conquistar a condição de líder da bancada do MDB no Senado. Procurou a atual líder Simone Tebet (MDB-MS) para perguntar se ela pleitearia a recondução. Já sabia que a senadora quer ser a emedebista alternativa à Renan.

Da consulta, ambos sairiam como candidatos de renovação no MDB do Senado. Há outros nomes interessados na liderança – Eduardo Braga (AM) e José Maranhão (PB) -, mas é inegável que Dário jogou bem.

O catarinense ganhou densidade política e respeito entre os colegas na primeira metade do mandato ao presidir a importante Comissão de Orçamento – fruto da boa relação com Renan e a cúpula emedebista.

Dia 29, em reunião da bancada convocada por Simone Tebet, devem ser definidas a nova liderança e a candidatura do partido à presidência. Se Renan ceder, é possível que Simone acabe recebendo apoio dos demais partidos. Se insistir, haverá disputa. Nos dois cenários, Dário tem boas chances de emplacar a liderança da maior bancada do Senado.

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Ver Amin e Dário lutando por espaços nobres no Senado é mais importante que a rivalidade entre eles. Santa Catarina ressente de força política no Congresso e pode ganhar peso com o pepista e o emedebista medindo e marcando um ao outro na câmara alta. Sem esquecer, é claro, do eleito Jorginho Mello (PR) – que é novato, mas mostrou nos dois mandatos como deputado federal que sabe ocupar espaços como poucos.