O MDB catarinense comemorou no final de semana uma marca que diz mais sobre o passado do que o futuro. A filiação do prefeito Vitor Norberto, de Leoberto Leal, faz com que a sigla governe 101 das 295 prefeituras do Estado. A marca reflete mais os 16 anos como sócio majoritário do governo estadual – gestões Luiz Henrique (PMDB) e Raimundo Colombo (PSD) – do que uma pujança sustentável nas eleições do ano que vem.

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Por mais que o presidente estadual Celso Maldaner imprima um ritmo frenético de eventos e reuniões pelo interior, o MDB catarinense vive suas angústias. Duas são muito emblemáticas: as relações com a contaminada cúpula nacional e com o governo de Carlos Moisés (PSL).

Maldaner, através dos diretórios estaduais do Sul, foi um dos maiores incentivadores de uma candidatura da senadora sul-matogrossense Simone Tebet à presidência nacional da sigla, em parceria com o ex-senador gaúcho Pedro Simon. A chapa Simon/Simone não enplacou, qualquer que fosse sua ordem. A senadora não encarou a missão de disputar o comando do partido contra a eterna cúpula ligada a Michel Temer e Romero Jucá – que tem o deputado federal Baleia Rossi como candidato, provavelmente único.

A renovação do comando da sigla era uma esperança para motivar as bases, assustadas com a eleição do ano passado, e prefeitos que temem que o 15 – tão forte no passado – seja um fardo a carregar em 2020. A saída de Gean Loureiro, prefeito de Florianópolis e ex-101 do partido, teve essa conotação.

Em nível estadual, a relação com Carlos Moisés é outra frente de debate interno. A bancada estadual está afinada com o governador e o deputado estadual Luiz Fernando Vampiro age como uma espécie de líder informal do governo no parlamento. O discurso em Criciúma elogiando o governo pesselista com farpas as gestões passadas gerou reação. O ex-governador Eduardo Pinho Moreira criticou o antigo aliado e tem dito que essa entrega do MDB ao governo Moisés precisa ser cobrada da bancada.

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A avaliação corrente de que o partido abraçou Moisés chegou a levar Celso Maldaner a divulgar uma nota para enfatizar que não nenhuma decisão oficial do diretório sobre apoio ao governo estadual. O dirigente diz que o foco do MDB mobilizar as bases para as eleições do ano que vem. É a partir delas que se desenha o futuro emedebista. Os deputados estaduais também disso. No entanto, parecem satisfeitos com esse momento de autonomia em relação a caciques.