— Alô, é o Raimundo.
O governador licenciado Raimundo Colombo (PSD) estava no outro lado da linha, poucas horas depois da Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a decisão de denunciá-lo por caixa 2 na campanha eleitoral de 2010 e, ao mesmo tempo, arquivar o inquérito que apurava se houve corrupção na relação entre ele, a Odebrecht e o interesse da empreiteira na compra da Casan.
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— Estou aliviado. A Polícia Federal, o Ministério Público, eles pediram arquivamento do processo de corrupção. Isso é uma coisa rara. Talvez seja o único governador de todos os que estão lá que consiga essa situação. A minha defesa foi concentrada 100% na questão da corrupção. Agora saímos da questão criminal e vamos para a eleitoral. Isso não me incomoda, quero isso. Posso mostrar, posso comprovar — emendou Colombo, antes mesmo de ser perguntado.
O governador aguardava com expectativa nos últimos meses por essa decisão. Já era esperado no Centro Administrativo e em outros círculos de poder que Colombo poderia ter que responder pelas supostas doações irregulares da Odebrecht em 2010, ano da primeira eleição para o governo, mas que tinha boas chances de se livrar das acusações de que ofereceu em troca a venda da estatal de água e saneamento. Um dos pontos mais fortes da defesa para descaracterizar esse vínculo era um ofício da Secretaria da Fazenda, de 2013, em que determinava à Casan encerrar as negociações para vender 49% das ações da companhia por causa do baixo preço da avaliação realizada na época.
— Ficou claro que não há crime de corrupção e isso é uma coisa grave para um gestor público. Agora vou me defender em relação ao caixa 2, sem nenhum problema. Vou conseguir esclarecer.
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Colombo diz que sente um alívio pessoal e que mantém o calendário político que traçou. Ou seja, renúncia ao governo em abril e candidatura ao Senado em outubro. Em férias até 28 de março, Colombo reforça que não exercerá um dia a mais de poder, que o governador de fato é Eduardo Pinho Moreira (PMDB).
— Ele tem que impor seu estilo, sua filosofia. De minha parte, ele tem toda a liberdade para fazer.
O pessedista diz que soube da desativação de 15 regionais na manhã do dia em que entregou o cargo a Pinho Moreira e que não cabia a ele discutir. Disse, ainda, que a exoneração de pessedistas é natural. Negou veementemente que vá deixar o PSD rumo ao DEM ou pedir à Gilberto Kassab (presidente nacional do PSD) que faça intervenção no Estado para conter o Gelson Merisio, pré-candidato da sigla ao governo e defensor do fim da aliança com o PMDB.
— Isso é uma mentira. Nunca pedi intervenção e nunca admiti sair do PSD. Essa é uma maldade.