Já escrevi aqui algumas vezes que o PSL é um partido que ganharia identidade a partir da atuação de seus eleitos na onda eleitoral de outubro do ano passado. É como se uma casa tivesse sido construída a partir do telhado – os mandatos. O racha entre o governador Carlos Moisés e os deputados estaduais da ala mais ligada ao bolsonarismo, Ana Caroline Campagnolo e Jessé Lopes, evidenciaram essa questão interna que deve continuar ganhando corpo nos próximos dias.

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Em relatos de bastidor, ambos os parlamentares chegaram a ser apontados como alvos de expulsão sumária a pedido do governador ao PSL nacional. Depois, o presidente estadual Fábio Schiochet tentou colocar panos quentes, negando que a origem do pedido tenha partido de Moisés e dizendo que o caso será analisado internamente – e que terá uma conversa com Ana e Jessé esta semana para equalizar a questão.

Interessante é que os deputados parecem dispostos a manter essa corda esticada. Em suas redes sociais, ambos mantém a postura de questionamento em relação à postura pouco bolsonarista do governador pesselista. Jessé foi às redes sociais criticar a decisão de Moisés de oferecer ajuda aos Estados da região amazônica que sofrem com as queimadas. Disse que o gesto praticamente endossa “a narrativa esquerdista” e os “protestos Lula Livre disfarçados de defesa pela Amazônia”. Complementa oferecendo-se para assessorar Moisés “nas questões ideológicas, aquelas às quais, fomos eleitos para seguir”.

Em vídeo no Instagram, o mesmo Jessé respondeu questões sobre o processo de expulsão, ainda nebuloso, e relatou que as divergências com o governador começaram ainda antes da posse, em dezembro, quando uma confraternização reuniu os eleitos do PSL catarinense. No encontro, o deputado cobrou que Moisés fosse mais radical nas escolhas dos integrantes do governo, enquanto o governador defendeu uma postura republicana.

Ana Campagnolo também usou as redes sociais, o Facebook no caso, para dizer que Moisés “fez campanha usando arminha, camisa do Bolsonaro e verde amarelo, mas mudou o discurso depois de eleito”. A deputada exige que o governador assuma o suposto pedido de expulsão e aponta que “quem precisa rever se é fiel não sou eu”. Essa disputa parece um caso pontual e personalizado, mas não é. Estão escolhendo a cor das paredes da casa PSL-SC – aquela que começou a ser construída pelo telhado em outubro do ano passado.

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