O PT catarinense confirmou as paradas da caravana do ex-presidente Lula em Santa Catarina. Se tudo sair dentro do script, o líder petista realiza comícios em Florianópolis e Chapecó em 1o de março e participa de um encontro com membros da Via Campesina em São Miguel do Oeste no dia seguinte.

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A escolha de duas cidades do Oeste mostra que o PT vai levar o ex-presidente aos redutos onde ainda apresenta alguma força eleitoral no Estado. Não é por acaso que Chapecó sedia atualmente um curso de pós-graduação que leva personalidades da esquerda para aulas e palestras — Dilma Rousseff e Fernando Haddad passaram por lá ano passado, em centros de eventos protegidos dos gritos do antipetistas, que também existem em peso na região.

Ainda não está confirmado, mas o comício de Lula em Florianópolis deve acontecer às 14h no Centrosul. O mesmo local recebeu em outubro de 2014 o único evento em Santa Catarina da então presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT). Lula não estava naquele encontro, que deixava claras muitas das contradições do PT. Patrocinado pelo PSD de Raimundo Colombo, o encontro juntou lideranças pessedistas e peemedebistas — inclusive comissionados obrigados a comparecer, uma velha tradição eleitoral — e a clássica militância petista. Discursos de Dário Berger, Colombo e Michel Temer ecoavam no Centrosul, enquanto nomes históricos do petismo estadual sequer ao palco foram chamados. Era o auge do PT de resultados, prenúncio da queda. Mesmo com apoio dos dois maiores partidos do Estado — mais oficial do que efetivo —, Dilma teve em Santa Catarina seu pior resultado percentual.

Florianópolis também estava no começo desta história com um papel diferente. Também era outubro, mas em 2002. Contando os dias para sua primeira vitória em disputas presidenciais, Lula escolheu Santa Catarina para realizar seu último comício. O Estado havia dado ao petista no primeiro turno a maior vitória proporcional do país — 56% dos votos, um milhão a mais do que o adversário José Serra (PSDB). Lula vinha endossar a candidatura de Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e foi a estrela de um comício ao ar livre, na praça Tancredo Neves.

Muita coisa mudou nesses poucos mais de 15 anos que separam o momento de consagração do líder petista e seu retorno como figura controversa que reúne sua militância para lutar contra o ocaso político determinado pela Justiça. Uma das mais simbólicas, certamente, é trocar praças públicas pelo conforto e segurança dos centros de convenções.

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