A exoneração de Carlos Hassler da Secretaria Estadual de Infraestrutura pode ser vista como um evento pontual, causado por uma série de desentendimentos causados pela falta de traquejo político do coronel do Exército – que culminaram na expulsão do deputado estadual Valdir Cobalchini (MDB) de seu gabinete e toda a reação da Assembleia Legislativa diante do fato. Não é um bom momento para o governador Carlos Moisés (PSL) ter problemas com o parlamento e, especialmente, com os parlamentares que o apoiam, caso do emedebista.

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No entanto, a saída de Hassler também carrega consigo indicações de que o secretariado de Moisés está sob avaliação – e que os deputados fiéis ao governo são voz ativa nesse escrutínio. O secretário de Infraestrutura foi um dos temas do jantar que o governador ofereceu aos deputados da base governista na Casa d’Agronômica na noite de segunda-feira. Ele e o titular da pasta da Saúde, Hélton Zeferino, foram alvo de queixas de diversos parlamentares.

A cobrança dos governistas iam além da simpatia ou antipatia eventuais. Falou-se em baixa capacidade de execução, atendimento pouco eficaz e burocracia administrativa. Saíram da Agronômica com a promessa de que seria feita uma avaliação individual do secretariado. Questionado, o secretário da Casa Civil, Douglas Borba (PSL), confirmou o tom das críticas na reunião de sábado.

Foi neste clima que aconteceu o episódio entre Hassler e Cobalchini e o forte posicionamento do parlamentar no plenário – acompanhado por diversos colegas, de oposição e situação, que relataram dificuldades no atendimento. A nota de repúdio da mesa diretora da Alesc oficializou a tensão e levou o governo a acelerar um evidente processo de fritura. Sugestão do colunista ao secretário da Saúde: fique atento.

O secretariado de Moisés foi montando em um processo inédito em Santa Catarina. O governador eleito e sua equipe de transição deixaram os holofotes e entrevistaram diversos nomes para compor a equipe, blindando a escolha de pressões do PSL – que ainda não tinha a cara do governador – e de outros fatores externos. Após um ano de governo, com um PSL realinhado e a necessidade de manter coesa uma base aliada, está claro que alguns ajustes serão realizados.

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A indicação do adjunto Thiago Augusto Vieira para substituir Hassler aponta que Moisés não fará piruetas com seu secretariado e nem abraçará escancaradamente as indicações políticas de parlamentares. Mas o tempo da blindagem passou, fica o recado. O governo não está mais alheio à política.