Há quem diga que o político é o único animal que ressuscita. A frase feita tem como base as inúmeras vezes em que uma liderança ou grupo político foi dada como morta ou fora do jogo e voltou triunfante nas urnas tempos depois, diante de novos contextos ou outras mortes.

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Em 2016, o PT catarinense sofreu uma derrota acachapante nas eleições municipais que o afastou do clube dos maiores partidos do Estado. Seu sepultamento estava marcado para 2018, na disputa estadual. O cenário pré-eleitoral, no entanto, mostra os petistas catarinenses com chance de reverter esse viés de baixa registrado nas últimas quatro eleições.

O PT-SC oficializou esta semana as pré-candidaturas do deputado federal Décio Lima a governador e do desembargador aposentado Lédio Rosa de Andrade ao Senado. As duas vagas restantes na majoritária também serão ocupadas por petistas – o partido está consciente de que não fechará alianças no primeiro turno e trabalha para que isso seja um fator de unidade. Para completar a chapa, uma lista de 25 nomes foi divulgada como possíveis alternativas. Entre ex-parlamentares e ex-prefeitos, destacam-se o deputado federal Pedro Uczai, o deputado estadual Padre Pedro Baldissera, a ex-senadora Ideli Salvatti e o ex-prefeito joinvilense Carlito Merss.

Duas questões serão levadas em conta na distribuição das vagas que faltam: composição regional e disposição de ir para o sacrifício em uma eleição em que a principal missão dos petistas é recuperar espaço perdido e consolidar sua liderança no campo da esquerda.

Os petistas catarinenses não conseguiram capitalizar os anos em que a sigla foi inquilina do Palácio do Planalto com Lula e Dilma Rousseff. Pelo contrário, teve sua melhor votação e resultados em 2002 – ano da primeira vitória de Lula – e depois foi encolhendo. O partido que já governou Joinville, Blumenau, Itajaí, Chapecó e Criciúma, hoje tem em Imbituba sua maior prefeitura no Estado.

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Os últimos anos do PT no poder nacional – em meio a escândalos e alianças controversas – afastaram parte da antiga militância. Parte se refugiou em partidos como o PSOL, outra guardou as bandeiras em casa. O trauma do impeachment de Dilma e a impopularidade militante do governo de Michel Temer (MDB) tiraram o eleitor petista da sombra. Preso em Curitiba, Lula lidera as pesquisas em que tem o nome incluído – mesmo que não possa concorrer de fato.

Nos levantamentos divulgados até agora no Estado, Décio Lima apresenta um ponto de partida que faz dele um postulante competitivo a uma vaga no segundo turno, especialmente se o cenário for de múltiplas candidaturas. Dificilmente venceria a eleição, mas disputar o segundo turno já é mais do que o PT catarinense conseguiu em seus melhores momentos. E traria o partido de volta ao primeiro time da política do Estado.