Há dois anos, o PSDB catarinense saiu das urnas comemorando os resultados das eleições municipais que fizeram o partido avançar em Santa Catarina, conquistando 38 cidades, inclusive Blumenau e Criciúma, e consolidar-se como terceira força política do Estado. Números que fizeram os tucanos sonharem com a conquista inédita do cargo de governador. As urnas de 2018, no entanto, fizeram o PSDB catarinense regredir quase 20 anos no tempo.
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Os tucanos ainda juntam os cacos e tentam entender o que deu errado – seja reflexo das decisões da cúpula nacional e da candidatura presidencial de Geraldo Alckmin, seja das próprias decisões no Estado. A soma de erros fez o PSDB perder uma das duas cadeiras na Câmara dos Deputados e reduzir pela metade a bancada na Assembleia – continuam apenas os reeleitos Vicente Caropreso e Marcos Vieira.
O símbolo do que aconteceria nas urnas pode ser visto antecipadamente na última visita de Alckmin a Florianópolis, dias antes da eleição. Cercado por um punhado de candidatos tucanos em caminhada pelo Centro de Florianópolis, o ato foi um retrato do apequenamento que viria. Derretendo em nível nacional, Alckmin foi âncora para os tucanos locais.
Mas os erros locais pesaram nessa balança. Fragilizada por uma investigação no Supremo, a pré-candidatura de Paulo Bauer foi mantida até quase o último instante. A coligação com o MDB foi improvisada na última hora, com Bauer indo para uma eleição difícil ao Senado e o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes na ofuscada posição de vice de Mauro Mariani (MDB). As chapas montada para a Câmara demonstrou fragilidade e apenas reelegeu Geovânia de Sá, com Marco Tebaldi disputando voto a voto – e perdendo – a cadeira com Carmen Zanotto (PPS). Na chapa da Assembleia, o MDB engoliu os tucanos – manteve suas nove cadeiras e relegou tucanos bem votados a distantes suplências.
Agora, os tucanos juntam os cacos. Presidente estadual, Marcos Vieira saiu chamuscado. A sucessão dentro do partido já movimenta os bastidores. O prefeito criciumense Clésio Salvaro está em alta, inclusive pela participação na boa votação de Geovânia. Uma troca de geração pode estar em curso e uma preocupação começa a surgir: garantir um espaço visível para que a liderança emergente de Napoleão não se perca nos próximos quatro anos sem mandato. A presidência da sigla seria uma opção.
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Mais complicado
Nos bastidores da entrevista de Gelson Merisio (PSD) no NSC Notícias de terça-feira, uma constatação permeava as conversas de sua equipe de campanha: mais do Comandante Moisés (PSL), o verdadeiro adversário é o desprezo do eleitorado pela classe política.
Hierarquia
A Associação dos Praças da Polícia Militar (Aprasc) convidou Merisio e Moisés para falarem na assembleia geral da entidade, dia 18. Apenas o pessedista aceitou. A equipe do candidato do PSL alegou prioridade a gravações de televisão e preparação para debates. Não teremos, portanto, a inusitada situação de um oficial respondendo aos praças.