O deputado federal Rodrigo Coelho recebeu a maior punição possível do diretório nacional do PSB por ter votado a favor da reforma da previdência: não foi expulso. Ao decidir expulsar apenas Átila Lira (do Piauí) e suspender por um ano outros nove, a cúpula socialista frustrou os planos do catarinense de ser expulso e buscar abrigo em uma legenda mais adequada a suas posições ideológicas. A saída terá que ser pela via judicial.
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Na sexta-feira, dia da reunião do diretório nacional do PSB, Coelho aguardava em Florianópolis a decisão sobre seu futuro. Na palestra do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na manhã daquele dia na Assembleia Legislativa, dizia acreditar na saída.
Em Brasília, as informações que circulavam durante a semana eram de que não havia votos necessários para expulsar os 11 deputados socialistas que votaram a favor da reforma previdenciária. O maior freio à sanha de purificação ideológica do presidente nacional Carlos Siqueira era o pragmatismo.
Cada deputado expulso equivaleria à perda de R$ 3,4 milhões no fundo destinado a custear as campanhas eleitorais do ano que vem. O peso no bolso falou mais alto e o partido decidiu expulsar apenas Átila Lira, considerado reincidente em desobedecer a legenda por também ter votado a favor da reforma trabalhista do governo Michel Temer (MDB).
Coelho contava tanto com a expulsão que foi o único dos deputados que não apresentou qualquer defesa junto a diretório. A suspensão das atividades partidárias não é mera reprimenda, porque afeta diretamente o trabalho do parlamentar. Coelho e os outros socialistas suspensos não poderão integrar comissões da Câmara e nem relatar projetos – serão, assim, deputados de segunda classe enquanto a punição vigorar.
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O catarinense reagiu logo após a decisão, dando o tom de confronto. Em nota, chamou de lamentável a decisão da sigla, a quem acusa de tentar “impedir o seu pleno exercício na Câmara dos Deputados”. Afirma que vai à Justiça “recuperar o direito às atividades parlamentares”. Ele também ressalta não ter “qualquer arrependimento por ter votado a favor da reforma da previdência”.
Está claro que o caso vai se tornar mais uma disputa judicial entre o PSB nacional e eleitos pela sigla em Santa Catarina, como já acontece com os deputados estaduais Bruno Souza (já desfiliado) e Nazareno Martins. No entanto, no caso de Coelho, a disputa pela cadeira tem menos peso: o suplente não é socialista, é o vereador Jaime Evaristo (PSC).
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