Por mais que ainda sejam nebulosos – escrevo às 16h20 de terça-feira – os motivos para a prisão temporária e afastamento do prefeito Gean Loureiro (sem partido) do cargo na Operação Chabu, da Polícia Federal, uma análise imediata é inegável: o pré-candidato à reeleição Gean Loureiro não sai ileso desse episódio. Mesmo que o ex-emedebista seja depois inocentado ou apenas apontado como peça coadjuvante de um esquema que não tenha relação direta com a gestão de Florianópolis, o desgaste influenciará todas as composições.
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Há menos de um mês, dia 28 de maio, Gean Loureiro tomava a radical decisão de desfiliar-se do desgastado MDB com a alegação de que não queria conviver com os escândalos protagonizados pela cúpula nacional da legenda. Agora, é ele alvo da investigação que trata de vazamento de informações sobre operações da PF no Estado. Entre os presos também está Luciano Veloso Lima, secretário-adjunto da Casa Civil no governo de Eduardo Pinho Moreira (MDB) e nome historicamente ligado ao MDB. A primeira vista, parece não não ser tão fácil desvincular-se do emedebismo.
A desfiliação de Gean deu a largada extraoficial nas eleições do ano que vem – embora ele dissesse que só pretendia anunciar nova morada partidária no final do ano. Após seu movimento, o deputado estadual João Amin (PP) e o vereador Pedrão Silvestre, ambos pré-candidatos pelo PP, colocaram seus blocos na rua e deram início a um processo de separação que deve resultar na saída do vereador da legenda.
Ambos fazem oposição ao prefeito, mas em um campo ideológico semelhante, entre o centro e a centro-direita. Podem se beneficiar do desgaste de Gean. À esquerda, consolida-se uma frente que deve se conjugar em uma nova candidatura de Elson Pereira (PSOL), terceiro colocado em 2016. À direta, Novo e PSL buscam candidaturas – o comandante Araújo Gomes seria o nome preferido do governador Carlos Moisés (PSL).
Todas as leituras políticas feitas até esta terça-feira perdem força diante do impacto simbólico da prisão de um prefeito de Capital e seu afastamento do cargo por 30 dias. Até por isso é importante que fiquem claros os motivos que levaram a PF a solicitar e o Tribunal Regional da 4a Região (TRF-4) a autorizar uma medida tão drástica. Em novembro de 2014, a Operação Ave de Rapina, também da PF, apresentou um cenário de corrupção sistêmica envolvendo a Câmara de Vereadores e a prefeitura. Então prefeito, Cesar Souza Junior (PSD) não foi preso – mas sua gestão, na prática, acabou ali.
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