O espírito da época é algo que realmente impressionante – a ponto de os alemães terem uma palavra específica para essa expressão: zeitgeist. É curioso como justamente neste momento em que a antipolítica domina a sociedade e foi combustível da renovação nas urnas em outubro, o Tribunal de Contas do Estado terá pela primeira um vez um presidente que entrou no órgão por concurso público.

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Adircélio Morais de Morais Ferreira Júnior foi eleito na segunda-feira (17) pelos demais conselheiros para comandar a corte administrativa pelos próximos dois anos. Dos sete integrantes do pleno, é o único que não chegou ao TCE pelas mãos da política partidária – Dado Cherem, José Nei Ascari, Herneus de Nadal, Wilson Wandall e Luiz Roberto Herbst foram deputados estaduais, César Fontes foi vereador em Florianópolis.

Adircélio é eleito presidente do Tribunal de Contas de SC

O novo presidente entrou no TCE como auditor substituto de conselheiro em 2006, quinto colocado no concurso público. Em 2010 foi indicado conselheiro pelo então governador Leonel Pavan (PSDB) para a vaga aberta com a aposentadoria de José Carlos Pacheco. Discretamente, ocupou espaço se notabilizando por conhecimento técnico, mas algum jogo de cintura político.

Nos votos que deu nestes oito anos, é possível criar algumas expectativas sobre a condução que Adircélio dará ao TCE. Logo no primeiro ano no tribunal, foi relator das contas do governo estadual – compartilhadas naquele exercício por Luiz Henrique da Silveira e Pavan. Foi o primeiro relator recriminar o uso dos gastos com aposentados nas despesas de educação, artifício para o Estado alcançar os 25% mínimos na área. Também questionou a necessidade de 36 Secretarias de Desenvolvimento Regional – inicialmente pedindo uma auditoria e depois sugerindo a extinção de estruturas. Mais recentemente, foi voto vencido no plenário do TCE ao pedir a rejeição das contas de Cesar Souza Junior (PSD) em seu último ano na prefeitura de Florianópolis.

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Assim como acontecerá no Poder Executivo, com o governo de Carlos Moisés da Silva (PSL), será a vez de ver como o não-político se sai no comando do TCE. Para contrabalançar – e enfrentar o zeitgeist – o Legislativo deve ter o comando do mais do que experiente Júlio Garcia (PSD).

 

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