A presidência da Assembleia Legislativa é um raro bilhete para o verdadeiro protagonismo na política catarinense. O deputado estadual Mauro de Nadal (MDB) precisou de dez anos no plenário, três mandatos, para alcançar a consagração de ser eleito por unanimidade o cobiçado cargo. Nesse período, trilhou todo o caminho para alcançar o prestígio interno necessário para chegar ao comando da Casa. Seu maior desafio na política, no entanto, começa agora.
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Anderson Silva: Mauro de Nadal chega à presidência da Alesc em segunda tentativa
Se houvesse uma prova para chegar à presidência da Alesc, Mauro de Nadal teria gabaritado. Presidiu por três anos a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por onde passam todos os projetos do parlamento – com equilíbrio de decisões, boa relação com as demais bancadas partidárias e sangue-frio para encarar a pressão de votações polêmicas como a reforma da previdência de 2015. Foi líder da própria bancada, o MDB, a maior da Alesc. Aprendeu com a derrota na primeira tentativa de chegar à presidência, em 2019, quando ficou pelo caminho por não conseguir unir a bancada emedebista em torno de seu nome. Foi um primeiro vice-presidente discreto e solidário com o titular, Júlio Garcia (PSD), até segunda-feira. Por fim, aceitou o arranjo de divisão de mandato com o experiente Moacir Sopelsa (MDB) antes que se repetisse o filme de 2019.
Toda essa trajetória resultou nos 38 votos favoráveis e nenhum contrário na segunda-feira, quando foi eleito presidente. O respeito dos pares é inegável. No entanto, a desenvoltura dentro do Palácio Barriga Verde não foi suficiente para Mauro de Nadal deixasse de projetar externamente a imagem de parlamentar de influência paroquial, mesmo na intrincada geografia interna do MDB-SC. Agora presidente do parlamento estadual, o quinto da história do partido, Nadal tem a chance de mostrar que é mais do que um sobrenome.
Em 2011, quando chegou ao plenário da Alesc na condição de segundo suplente da ampla coligação que elegeu Raimundo Colombo (DEM à época) governador, ele era mais Nadal do que Mauro. Substituíra na urna e no plenário o primo Herneus de Nadal – que deixou o parlamento em 2008 para ser conselheiro do Tribunal de Contas do Estado dois anos depois de ter sido o deputado estadual mais votado de Santa Catarina. Herneus era favorito, à época, para presidir o parlamento, mas optou pela corte administrativa. Apoiou o primo nas eleições de 2010, que concorreu com o mesmo número e focando o sobrenome. Ao final de quatro anos, romperam politicamente.
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Mauro foi efetivado como deputado titular em 2013 e mostrou competência para conquistar as reeleições em 2014 e 2018. Firmou-se no parlamento por nome e sobrenome. Agora, presidente, tem a chance de ir além. Assume o comando da Alesc em um momento de fortalecimento da bancada do MDB – em relação ao próprio partido e também em relação ao governo Carlos Moisés (PSL), ao aceitar a condição de principal fiador da governabilidade. Nesse contexto, a agenda do Estado vai passar pelas mãos do emedebista.
A história política recente mostra que não há reformas de peso sem endosso e disposição do presidente do parlamento. Esse é o desafio de Mauro de Nadal, o desafio do protagonismo. Seu período à frente da Alesc será do tamanho da agenda que assumir e conseguir transformar em realidade. Seu futuro no tabuleiro da política estadual, também.
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