Talvez ninguém tenha acreditado e apostado mais na tríplice aliança, aquela original de Luiz Henrique da Silveira, do que o prefeito joinvilense Udo Döhler (PMDB). Ao confirmar, na tarde desta quinta-feira, a decisão de continuar prefeito e desistir de ser candidato, ele fechou a última fresta que havia para a reaglutinação de peemedebistas, pessedistas e tucanos no mesmo projeto. Udo acreditou sozinho, ou quase.
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O comando dos três partidos no Estado se mostra desinteressado pela união que foi imbatível nas eleições de 2006 e 2010, elegendo Luiz Henrique (PMDB) e Raimundo Colombo (PSD). De lá para cá, piorou a visão da sociedade sobre os políticos e os partidos, morreu LHS, o PT foi apeado do Planalto por um impeachment, a Lava-Jato desnudou como se pagam as campanhas eleitorais. Mas, além disso tudo, PMDB, PSD e PSDB têm outros planos que não incluem o prefeito de Joinville.
Entre os peemedebistas, primeira porta que Udo precisava abrir, há certeza de candidatura própria. Na presidência estadual do partido, o deputado federal Mauro Mariani trabalhou por sua pré-candidatura desvinculada da sociedade com o PSD. Sabia que por essa via não seria o candidato. O vice-governador Eduardo Pinho Moreira colocou o nome do prefeito no tabuleiro, mas diante da falta de volúpia de Udo ao longo de 2017, fez um movimento de apoiar a disposição de Mariani. Quando o prefeito tentou voltar ao jogo, Pinho Moreira estava com a caneta de governador na mão e ocupando seu posto.
No PSD, o joinvilense tinha um apoio de peso: o governador licenciado Raimundo Colombo via nele o nome certo para a continuidade do projeto e também acreditava na reedição da aliança. Mas Colombo não é Luiz Henrique. Não sabe, não quer e não gosta de impor projetos. No vácuo desse estilo do lageano e da timidez inicial de Udo, o pré-candidato Gelson Merisio foi consolidando seu projeto com o PP de Esperidião Amin e o PSB de Paulo Bornhausen.
Sem PMDB e PSD alinhados, Udo também teria poucas chances de conversa no PSDB. Presidente estadual dos tucanos, Marcos Vieira acredita piamente que a era da megacoligações passou, que as urnas vão rejeitar os ajuntamentos. Além disso, o PSDB tem no senador Paulo Bauer um candidato ao governo. Mesmo assim, o prefeito de Joinville tentou construir um projeto comum com o colega blumenauense Napoleão Bernardes (PSDB). Sobraram afinidades, faltou força de ambos sobre as cúpulas para liderarem um projeto.
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Sem respaldo interno e com dificuldades de construir a aliança que sonha, Udo preferiu continuar prefeito, continuar em Joinville. Soltam rojões os que defendem que cada partido tenha seu candidato.