Não existe espaço vago em política, diz o chavão. Hoje, a pré-candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro à presidência da República é um espaço a ser ocupado em Santa Catarina. Os levantamentos – internos e externos – indicam que o parlamentar tem ampla aceitação no Estado e nenhum palanque garantido.
Continua depois da publicidade
É certo que se Bolsonaro mantiver ou até ampliar os percentuais que as pesquisas lhe dão, haverá quem tente surfar sua onda. Não seria inédito, as ondas Collor e Lula foram surfadas por políticos locais em 1989 e 2002, quando tornou-se inevitável. Nessa hora, ignoram-se contradições partidárias, ideológicas, históricas.
Até agora, Bolsonaro fez um único movimento consistente em busca de um palanque catarinense. Foi o convite ao jornalista Luiz Carlos Prates para concorrer ao Senado por seu futuro partido, o Patriota (atual PEN). Prates preferiu continuar na comunicação.
Curiosamente, Bolsonaro chama atenção de dois catarinenses que pretendem se enfrentar em outubro na disputa pelo governo: Gelson Merisio (PSD) e Mauro Mariani (PMDB). O primeiro chegou a dizer em entrevistas que está de olho no presidenciável, mas não fez nenhum movimento concreto em busca de acerto. Parece usar o nome de Bolsonaro para atiçar os tucanos com a ideia de que não apoiará Geraldo Alckmin (PSDB) sem contrapartidas.
Com o peemedebista, a aproximação tem mais facilidade de real construção. O maior aliado do Bolsonaro no Estado é o deputado federal Rogério Peninha Mendonça (PMDB), com quem compartilha ideias identificadas com a direita do espectro político e a defesa do fim do Estatuto do Desarmamento. Peninha é elo entre Mariani e Bolsonaro e uma inusitada aliança entre peemedebistas e futuros patriotas.
Continua depois da publicidade
Para consolidar essa composição, surge o nome do deputado federal Valdir Colatto como possível candidato ao Senado defendendo o nome de Bolsonaro à presidência. Discurso firme, à direta, identificado com a ruralista, Colatto teria um perfil que agrada ao presidenciável.
Haverá quem levante contradição em um candidato outsider com Bolsonaro garimpar apoios no PMDB, a legenda mais identificada com o sistema político vigente. Talvez as posições do PMDB catarinense contra a cúpula nacional do partido ajudem a cimentar os tijolos nessa construção.