Mirando a construção da liderança de um projeto majoritário em 2022, o PL vai cortar os laços que ainda o prendem às gestões do governador Carlos Moisés (PSL) e do prefeito Gean Loureiro (ainda sem partido), da Capital. Embora não tenha cargos nas estruturas estadual e municipal, os líderes dos governos nos legislativos integram o partido do senador Jorginho Mello. A provável adesão do deputado estadual Ivan Naatz (PV) também deve trazer ao partido um discurso crítico à gestão estadual.
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A saída do deputado estadual Maurício Eskudlark (PL) da liderança do governo Moisés ainda está em construção. Semana passada, Jorginho recebeu a visita dos deputados estaduais Ana Campagnolo e Sargento Lima, do grupo do PSL hostil ao governo, e deram início ao movimento para tirar Eskudlark da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde Moisés ainda tem maioria. Lima assumiu a liderança do PSL esta semana.
Oficialmente, o PL nunca esteve na base de Moisés – a decisão de Eskudlark de aceitar o convite foi pessoal e nunca agradou o senador. Esta semana, o líder admitiu que há falhas na articulação política do governo e que em muitos casos fica sabendo pela imprensa sobre apresentação de projetos importantes do Executivo. Além disso, voltou a manifestar desconforto com a revisão dos incentivos fiscais, especialmente em relação ao agronegócio. O tom das reclamações é avaliado como a pavimentação do anúncio de que ele deixa a liderança por conta própria.
Os demais parlamentares da sigla, Marcius Machado e Nilso Berlanda, tem sido discretos na relação com o governo. A iminente entrada de Ivan Naatz no partido traz um discurso mais contundente em relação ao Centro Administrativo.
Naatz entrou com uma ação na Justiça Eleitoral para deixar o PV por justa causa, motivado pelas disputas internas com o presidente estadual da sigla, Guaraci Fagundes. Ambos estão em rota de colisão desde que o parlamentar exonerou de seu gabinete nomes indicados pelo dirigente. Chegou a ser suspenso do PV, decisão que reverteu na Justiça. O caso já está pronto para ser julgado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC) e o parecer do Ministério Público Eleitoral é favorável ao deputado.
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Com quatro integrantes na bancada e vaga assegurada nas comissões, o PL deve abrir mão do bloco parlamentar que tem hoje com o PSL – facilitando as mudanças acertadas por Jorginho e os deputados estaduais bolsonaristas em Brasília.
Em Florianópolis, Renato Geske (PL) vai entregar o posto ao prefeito Gean em “caráter irrevogável”. Com isso, o PL terá posição de independência em relação ao governo. A relação entre o partido e a gestão está desgastada desde a saída de Filipe Mello, filho do senador, da secretaria da Casa Civil, em novembro do ano passado. Reeleito prefeito, Gean entraria no páreo da disputa pelo governo estadual em 2022 – onde quer estar Jorginho Mello.