Logo na primeira semana com a caneta de governador na mão, em fevereiro, Eduardo Pinho Moreira (PMDB) surpreendeu até os peemedebistas ao anunciar a desativação de 15 das 35 agências regionais de desenvolvimento, antigas SDRs, como forma de contenção de gastos. Sabia que se a informação vazasse, haveria reações e o corte acabaria reduzido.
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Na manhã de hoje, o governador volta a anunciar medidas de controle de gastos – como antecipou o colega e vizinho de página Marcelo Fleury durante a tarde de ontem no NSC Total. A informação de que haveria uma forte demissão entre os comissionados se alastrou pelo governo, gerando apreensão entre os nomeados.
Desta vez, Pinho Moreira mudou a estratégia. Antecipou as medidas aos deputados estaduais no almoço da bancada, ontem, do qual participou com o secretário da Casa Civil, Luciano Lima. Também estava lá o deputado federal Mauro Mariani, pré-candidato do partido ao governo. Nas palavras de um parlamentar, Pinho Moreira não só comunicou o que iria fazer, como acolheu sugestões, integrou os peemedebistas às decisões.
Não é que os cenários tenham mudado de fevereiro para cá. Naquela época, Pinho Moreira precisava de uma medida de impacto para apresentar-se como governador de fato, considerando que assumia em virtude de uma licença do ex-governador Raimundo Colombo (PSD). Agora, toma uma medida do governo do PMDB, por isso o respaldo.
A situação das contas do Estado é uma preocupação permanente na equipe do peemedebista. Não apenas pelo temor de que faltam recursos para pagamento da folha salarial, mas também por possíveis punições da Lei de Responsabilidade Fiscal. Por isso, os cortes sobre cargos comissionados – que financeiramente não são suficientes para que os gastos com funcionalismo voltem a patamares abaixo do limite de 49%, mas servem como justificativa legal de que medidas foram tomadas. Fora, é claro, o gesto simbólico de cortar na carne – que pode ser capitalizado em caso de candidatura à reeleição de Pinho Moreira.
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Na construção da argumentação da necessidade de cortes, há sinais maiores do descolamento com o PSD, sócio da aliança até a renúncia de Colombo. No governo, fala-se que os pessedistas foram irresponsáveis na concessão de reajustes salariais no período de queda de arrecadação, especialmente no segundo mandato. O gasto com folha teria crescido 125% nos anos de Colombo no poder, contra 52% do índice de inflação INPC. Apontam que reajustes para funcionários da saúde e a descompactação do plano de carreira do magistério ajudaram a conta a estourar e que sobrou para Pinho Moreira a responsabilidade. É o tipo de discurso que distancia ainda mais a reedição da aliança que governa o Estado desde 2007. Ou melhor dizendo, governava.