No primeiro turno das eleições em Santa Catarina uma situação foi corriqueira. Entidades empresariais promoviam debates ou sabatinas com os candidatos a governador e convidavam apenas os nomes dos maiores partidos – Décio Lima (PT), Gelson Merisio e Mauro Mariani (MDB). Em seguida, em nota, o PSL de Comandante Moisés reclamava da desconsideração pela candidatura vinculada à campanha presidencial de Jair Bolsonaro (PSL), líder disparado no Estado.
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Os surpreendentes 1.071.406 votos que colocaram Moisés no segundo turno da disputa contra Merisio fizeram as entidades correram atrás do candidato do PSL para tentar projetar como seria seu governo. Na manhã desta sexta-feira, os empresários terão a oportunidade conhecer melhor as ideias do candidato para o setor produtivo. Moisés e Merisio serão ouvidos na Fiesc em reunião do Conselho das Federações Empresariais de Santa Catarina, que é integrado também por Fecomércio, Faesc, Facisc, FCDL, Fetranscesc e Fampesc.
Os olhos e ouvidos do PIB catarinense estarão voltados para Moisés não só porque a Onda Bolsonaro fez com que passasse de azarão a favorito, mas também porque todas elas já conhecem Merisio, conseguem vislumbrar suas equipe, suas prioridades, suaas qualidades e seus efeitos. A dez dias das eleições, o governo do PSL ainda é uma incógnita.
O plano de governo do candidato é curto e genérico, próprio de uma candidatura decidida nos últimos dias do prazo para encerramento das convenções partidárias. A construção do PSL como suporte do projeto presidencial de Bolsonaro, a partir de abril, tinha como prioridade em Santa Catarina a eleição de Lucas Esmeraldino ao Senado. Em torno dela foi construída uma bem-sucedida chapa de candidatos a deputado estadual e federal. A candidatura de Moisés ganhou corpo, tirou o tradicional MDB do segundo turno e agora tem condições de apresentar o que deseja para Santa Catarina.
Por enquanto, Moisés tem apresentado posições genéricas – contratar policiais, fixar médico no interior, aumentar salário dos professores – sem maiores detalhes sobre como fazer. O dinheiro viria do corte de comissionados e estruturas e da suposta economia que despolitizar a máquina pública traria. O candidato do PSL e seu entorno são reticentes sobre quem pode integrar o futuro governo caso o atual favoritismo seja confirmado nas urnas.
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Os movimentos são discretos. Representantes de Moisés fizeram conversas reservadas em órgãos como a Secretaria da Fazenda, o Ministério Público de Contas e entidades empresariais como a Acate, do setor de tecnologia e inovação. Na próxima terça-feira, é lá que Moisés faz mais uma apresentação à classe empresarial – no dia seguinte será concedido o mesmo espaço a Merisio.
No encontro promovido pela Acate, o candidato do PSL levará um trunfo: o astronauta Marcos Pontes, citado como provável ministro de Ciência e Tecnologia de um governo Bolsonaro. Aliás, essa é diferença entre os candidatos nacional e estadual do PSL. O governo do presidenciável já começa a ganhar forma, enquanto o de Moisés talvez seja tão surpreendente quanto foi sua votação no primeiro turno.