Mesmo atingindo em cheio pelas rígidas restrições iniciais impostas pelo governo estadual como resposta à crise do coronavírus, o último mês de filiações partidárias para os interessados em participar das eleições deste ano movimentou cerca de 41 mil pessoas em Santa Catarina. Os números mostram avanço de legendas ligadas ao bolsonarismo e renovação política à direita, mas também a força das siglas mais tradicionais.
Continua depois da publicidade
Os dados se referem às filiações realizadas entre 4 de março e 4 de abril deste ano – último mês para filiações e também período da janela que permitia a mudança de legenda para vereadores sem risco de perda de mandato por infidelidade partidária. Um termômetro importante sobre a atração de lideranças para a disputa eleitoral marcada – até agora – para outubro.
O partido que liderou as filiações foi o PL do senador Jorginho Mello. Foram 5.317 no período da janela – em boa parte impulsionadas pelo abrigo de possíveis candidatos que optaram pela legenda porque o Aliança pelo Brasil, partido idealizado pelo presidente Jair Bolsonaro, não ficaria pronto a tempo de disputar as eleições deste ano. Foi o caso, por exemplo, de Criciúma, onde a advogada Júlia Zanatta aderiu ao PL na condição de pré-candidata a prefeita – nessa onda, o partido filiou outras 51 pessoas.
Mas nem só de bolsonaristas vive o partido de Jorginho Mello. Em Florianópolis, a adesão do vereador Pedrão Silvestre (ex-PP), pré-candidato a prefeito, motivou outras 41 filiações – incluindo o também vereador Maikon Costa. Em Blumenau, a reestruturação do partido em torno do deputado estadual Ivan Naatz resultou em 46 filiações, incluindo o empresário Ericson Luef (ex-MDB). Em São José foram 112 adesões, entre eles o vereador Clonny Capistrano (ex-MDB).
O segundo lugar na conquista de lideranças na janela coube ao Podemos, que vai disputar sua segunda eleição em Santa Catarina com essa denominação e é liderado no Estado pelo ex-deputado federal Paulo Bornhausen. Pesaram as filiações dos prefeitos de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira, e de Blumenau, Mario Hildebrant – ambos ex-PSB. Com Fabricio, 116 pessoas aderiram ao partido, enquanto Mario carregou 52 militantes. Em Florianópolis foram 43 filiações, incluindo os vereadores Gabrielzinho, Fabrício Correa (ambos ex-PSB) e Erádio Gonçalves (ex-PL).
Continua depois da publicidade
O terceiro posto nessa curiosa disputa mostra que os partidos tradicionais ainda têm fôlego: o PP do senador Esperidião Amin filiou 4.072 pessoas, a maior parte em pequenas e médias cidades. Logo em seguida, com 3.864 filiados, surge o PSL do governador Carlos Moisés, com muita força no Sul do Estado – foram 378 adesões apenas em Balneário Arroio do Silva. Também pesou a conquista do prefeito Luciano Buligon, de Chapecó, que trouxe outras 145 pessoas para o partido. Em Lages, a adesão do vereador e pré-candidato a prefeito Lucas Neves (ex-PP) também garantiu 74 filiações, incluindo o também vereador Luiz Marin.
O ranking segue com partidos tradicionais – PSD (3.650), MDB (3.277) e PSDB (2.717). Também abrigando bolsonaristas, Republicanos (1.535) e Patriota (1.489) ocupam a oitava e a nona posição, com o DEM (1.485) fechando a lista dos 10 mais. Nos partidos de esquerda ou centro-esquerda, o PDT se destacou com 1.420 filiações, seguido pelo PT, que recebeu 1.213 adesões.